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quinta-feira 28 março 2024
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Estudantes brasileiros estão entre os piores para trabalhar em equipe

Estudantes brasileiros estão entre os piores para trabalhar em equipe

Dados do PISA revelam que alunos brasileiros não sabem resolver conflitos. Programa socioemocional desenvolvido por educadores estimula domínios como empatia, foco e espírito de equipe em alunos
Pesquisa internacional divulgada na última semana pela Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), com base nos dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mostra que os estudantes brasileiros estão entre os piores, em meio a 52 países analisados, no que diz respeito à resolução de problemas de maneira colaborativa. A média de 412 pontos obtida pelos brasileiros nessa competência ganha somente da Tunísia, que registrou 382 pontos. Cerca de 125 mil jovens de 15 anos de idade nesses 52 países participaram da avaliação sobre a capacidade de resolver conflitos de maneira colaborativa.
Os dados coincidem com o movimento do governo brasileiro em introduzir no currículo escolar, nos próximos anos, as chamadas habilidades socioemocionais. A versão mais recente da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) evidencia esse esforço. Mas enquanto a disciplina não é obrigatória, muitas escolas já estão antecipando-se a essa demanda, tornando o estudo das habilidades socioemocionais como parte do ensino básico.

Com o auxílio de materiais didáticos específicos para o tema, não são apenas os alunos que aprendem sobre o assunto: os professores também passam por um período de formação para entender melhor como funciona essa nova didática, e de que forma ela deve ser abordada.

Para Silvia Russo, diretora pedagógica do Colégio Assunção, na capital paulista, as habilidades socioemocionais, até o ano passado, não possuíam a devida atenção. “A partir deste ano, focamos em uma parte pouco conversada entre os profissionais do ramo”. Silvia acredita que debater essa temática com os estudantes e os professores propiciou uma maior qualidade de ensino, além de tratar da questão com maior sensibilidade. “Passamos a enxergar o aluno com uma visão mais humanizada”, afirma. Desde o início do ano, a escola adotou o Programa Semente, metodologia que aborda o estudo das habilidades socioemocionais através do desenvolvimento de 5 principais domínios (empatia, autoconhecimento, autocontrole, decisões responsáveis e habilidades sociais). “Já notamos os alunos mais engajados e envolvidos; o trabalho em grupo passou a fluir melhor, assim como as atividades em equipe”, revela.

Para Tania Fontolan, diretora do Programa Semente, as escolas precisam capacitar seus alunos para o futuro que lhes aguarda, garantindo que eles adquiram capacidades necessárias para viver, conviver e trabalhar em grupo. “É possível desenvolver essas habilidades, ensinando crianças e jovens a debater com respeito, a ter autocontrole, a compreender a diversidade, a traçar objetivos, a cumprir metas, a trabalhar em equipe, da mesma forma que ensinamos conteúdos de Química, Sociologia, Geometria, Filosofia, Física, Artes ou Redação. E isso vale para todas as pessoas”, explica.

Para a educadora, essas habilidades, essenciais no século XXI, que formam o que chamamos de aprendizagem socioemocional, são valorizadas há muitos anos nos Estados Unidos e na Europa, mas ainda não são desenvolvidas, de maneira estruturada, nas escolas brasileiras. “Os dados da pesquisa do Pisa comprovam esse fato”, diz.

Outras instituições já desenvolviam estudos sobre as habilidades e aderir ao material didático foi uma forma de concretizar os planos, como é o caso do Colégio Anglo São José. Oscar Gonçalves Jr., supervisor pedagógico, conta que já estava familiarizado com o assunto: “Trabalhamos com habilidades socioemocionais há mais de um ano, e acredito que a demanda vai nos auxiliar muito na questão do espírito de cooperação entre as turmas”, diz.

Como a escola pode ajudar?

Sabendo que esses jovens estão cada vez mais isolados socialmente, é preciso estimulá-los a estabelecer e manter relacionamentos saudáveis. Segundo Tania, um dos domínios trabalhados no Programa são as habilidades sociais. Numa aula do Programa Semente, por exemplo, o aluno é incentivado a refletir sobre suas emoções e se conhecer melhor.

De forma estruturada, o programa trabalha os cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais. “Para estabelecer e manter relacionamentos saudáveis, precisamos saber falar e saber ouvir. Comunicação clara, escuta ativa, cooperação, capacidade de resistir a pressão, de negociar conflitos, de buscar e oferecer ajuda, tudo isso é essencial na vida em sociedade”, conclui Tania.

Sobre o Programa Semente (www.programasemente.com.br) – Com uma abordagem moderna e inovadora, o Programa Semente está presente em escolas brasileiras contribuindo para o desenvolvimento socioemocional de alunos e educadores. A partir de um material escrito por educadores, médicos e psicólogos, sua metodologia possibilita que sejam trabalhadas em sala de aula questões como sociabilidade, autoconhecimento, autocontrole, empatia e decisões responsáveis, entre outras habilidades, cada vez mais presentes no mundo do trabalho e nas principais avaliações internacionais de educação, como o PISA. Desta forma, o Programa Semente contribui para a alfabetização emocional.