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sábado 20 abril 2024
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Pela primeira vez, MBL e Vem para Rua pedem renúncia e até prisão de Temer

Pela primeira vez, MBL e Vem para Rua pedem renúncia e até prisão de Temer

Pela primeira vez, os principais movimentos que organizaram grandes protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff pedem a renúncia – e até a prisão – do presidente Michel Temer, após a eclosão da notícia de que o presidente teria dado aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha.
Esses movimentos, fundados com base na luta contra a corrupção, vinham concentrando suas críticas em integrantes dos governos do PT. Em certa medida, muitos poupavam Temer, que já tinha sido alvo de denúncias, porém menos graves, pelo papel desempenhado no impeachment de Dilma Rousseff e pelas reformas econômicas defendidas em seu mandato.
A adesão dos grupos à onda de reprovações vindas de movimentos ligados à esquerda ou ao PT pode significar mais um obstáculo à sobrevivência de Temer no Planalto, já que Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre têm forte aceitação entre setores que até hoje davam apoio ao peemedebista.
Além de milhões de seguidores nas redes sociais e bom diálogo com empresários, os grupos têm forte interlocução no Congresso – onde seus representantes são vistos frequentemente discutindo apoio ou oposição a medidas legislativas com parlamentares de diferentes partidos.
Segundo reportagem publicada na quarta-feira pelo jornal O Globo e confirmada por outros veículos de imprensa, Joesley e Wesley Batista, donos do conglomerado de empresas que inclui a JBS/Friboi, teriam gravado, como parte de negociação para delação premiada à Procuradoria-Geral da República, um diálogo em que Temer teria pedido para que mantivessem o pagamento de uma mesada a Cunha e ao operador Lúcio Funaro, para que os dois não divulgassem atos de corrupção ligados ao governo.
Em nota enviada à imprensa após a divulgação da notícia, o Palácio do Planalto disse que o presidente Michel Temer “jamais solicitou pagamento para obter o silêncio” do ex-presidente da Câmara dos Deputados, nem “participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”.

Prisão e renúncia

Com o mote “Prendam Todos! Temer, Dilma, Lula e Aécio”, o movimento Vem Pra Rua marcou uma série de protestos em grandes cidades do país para o próximo domingo.
O grupo, liderado pelo publicitário Rogério Chequer, divulgou o protesto na madrugada de ontem, quinta-feira, pedindo “com urgência” que seus seguidores confirmem presença e convidem amigos. “Não temos muito tempo para divulgação.”
“Obstrução à Justiça é crime gravíssimo”, afirmam os organizadores do Vem Pra Rua, que sempre estiveram na linha de frente contra o PT e apoiavam medidas do atual governo.
Já o Movimento Brasil Livre (MBL), de Kim Kataguiri, publicou imagens pedindo a renúncia de Temer.
“No momento, não há nada que possam fazer para se livrar da Justiça ou da opinião pública, que irá massacrá-los pelos próximos meses”, publicaram os coordenadores do movimento nas redes sociais, em referência a Temer e ao presidente do PSDB, Aécio Neves – que também teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário da JBS.
O valor teria sido entregue a um primo de Aécio, em momento também gravado pela Polícia Federal.
Em nota à imprensa, Aécio disse que tinha relação “estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público” com o empresário Joesley Batista.
“O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários”, afirmou o comunicado.
(Da BBC Brasil em Washington)