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quinta-feira 25 abril 2024
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Peça Oju Orum acontece em São José dos Campos dia 29

Peça Oju Orum acontece em São José dos Campos dia 29

As histórias de quatro jovens mulheres são contadas no espetáculo OJU ORUM, do Coletivo Quizumba, se apresenta em São José dos Campos, neste sábado, dia 29, às 19hs, levando para a cena a discussão de temas como violência contra mulheres, questões de gênero, sexualidade, relações familiares e amor.

 

Com o Apoio do PROAC – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo, o espetáculo OJU ORUM realizará única apresentação gratuita no CAC Walmor Chagas – Rua Netuno, 41 – Jd da Granja – São José dos Campos. A classificação indicativa é de 14 anos.

OJU ORUM apresenta as histórias de quatro jovens mulheres, em espaços e tempos distintos e simultâneos: Anastácia (OjuOrum), Alice, Alzira e Anita.  Caladas em suas falas e corpos, essas mulheres procuram retomar a voz que lhes permita questionar e ressignificar suas vidas.

 

A DRAMATURGIA

Construído a partir de três eixos: o mito de Anastácia; o material colhido em oficinas realizadas com mulheres do bairro do Jabaquara, zona sul de São Paulo; e investigações da história das mulheres no Brasil, o texto da peça aborda a historicidade do conceito de feminino, do ser mulher, da construção de gênero e as questões surgidas a partir destes discursos. Tendo sempre em vista o público com o qual desejamos dialogar, as personagens tem relação direta com aspectos da juventude e da adolescência.

A figura de Anastácia é alegoria para as transformações do conceito de feminino ao longo da história de três mulheres de gerações diferentes. Buscando criar atritos entre as narrativas, de modo a acentuar o efeito crítico e comparativo, além de dialogar com a concepção de tempo circular presente em diveras culturas africanas, a dramaturgia se apresenta de maneira fragmentada, explicitando as relações históricas entre casos aparentemente isolados.

 

A ENCENAÇÃO

Criar um espetáculo voltado para jovens, a partir de uma pesquisa sobre a questão da mulher, em extensão a investigação da africanidade, apresenta um desafio não somente no sentido de chegar a síntese do recorte temático, como também de encontrar a via adequada de dar forma a este conteúdo sem perder o norte de potencializar a linguagem artística do Coletivo Quizumba, grupo extremamente rico no corpo e no canto de seus integrantes, além da investigação do teatro narrativo pela perspectiva do Griot.

Verticalizar essa pesquisa se revelou, mais do que investir em grandes analogias discursivas, ampliar a narratividade para além dos aspectos verbais. O trabalho na cena buscou, primordialmente, narrar através das imagens, criando ruídos e sensorialidades que dessem conta das experiências coletadas através das pesquisas de campo, das contradições dos discursos de poder encontradas e daquilo que, através da experiência do século XX e XXI, se naturalizou como uma identidade do que seja Mulher.

OjuOrum vem tratar de inúmeros temas e episódios que perpassam a vida cotidiana na adolescência de meninas e meninos (questões de gênero, sexualidade, relação familiar, amor…), e vem provocar a reflexão e o compartilhamento de impressões sobre como encontrar e deixar emergir a genuinidade dos sentimentos e desejos, escapando de comportamentos e pensamentos padronizados num período conservador e obscuro como o que vivemos hoje.

É em busca de um estranhamento questionador que a encenação visa à fricção das diversas dramaturgias, realizando um trabalho de sobreposição de elementos verbais, corporais, musicais e espaciais que apresentem um caleidoscópio de experiências, revelando poeticamente a complexidade histórica do tema que investigamos. Trabalhamos com o conceito de coralidade em que, sem deixar de ser um único corpo, múltiplos pontos de vista se apresentem.

A proposta cenográfica, concebida por JulioDojcsar, desenha uma lona redonda, cor de terra, junto às quatro estruturas alaranjadas que a cercam, e permitem intervenções verticais no espaço. A música ao vivo, originalmente composta por Jonathan Silva, também fortalece esse contato, já que, nesse trabalho, a música é a ponte fundamental para aproximar cena e público. Uma luz autônoma, criada por Wagner Antonio e concebida junto a cenografia, sugere postes de rua de uma periferia qualquer, que ajuda a fortalecer a comunicação com o público que se quer atingir. É neste espaço cênico, que, no decorrer do espetáculo surgem, criados por Éder Lopes, figurinos coloridos, pequenos objetos e adereços diversos, manuseados pelos cinco atores e dois músicos, que incorporam os mais de 30 personagens da narrativa.

OjuOrum é o terceiro espetáculo do Coletivo Quizumba e surge para, dentro do universo do grupo, desmitificar que temas profundos tenham de, obrigatoriamente, se dar numa linguagem densa e pesada. O jogo cênico, neste trabalho, se dá numa via lúdica, poética, corporal, musical e imagética, brindando o encontro do grupo com a encenadora Johana Albuquerque e fortalecendo o objetivo maior de criar um elo direto e contemporâneo com o público jovem de hoje.

 

SOBRE A CIRCULAÇÃO ESTADUAL OJU ORUM

O espetáculo OJU ORUM, focado no público jovem, teve como base de sua pesquisa: as muitas versões da história da negra Anastácia (OjuOrum, originalmente), trazida ao Brasil como escrava; e a investigação sobre as muitas formas de violências, físicas e simbólicas, sofridas pelas mulheres.

Durante nossos estudos, através de conversas com moradoras da periferia da cidade de São Paulo e de leituras de relatos históricos, fomos descobrindo que a questão da violência de gênero está enraizada na cultura brasileira. Não por acaso o Brasil ocupa o quinto lugar em número de casos de violência contra mulheres, conforme índice internacional formulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dentre essas, as de maior vulnerabilidade encontram-se na faixa dos 15 aos 29 anos, ou seja, mulheres jovens, violentadas por pais, namorados e outros homens. E as pesquisas são mais preocupantes quando pensamos na situação das mulheres negras, pois são elas as maiores vítimas desta barbaridade, somando à questão de gênero o preconceito racial.

Entretanto, avanços significativos ocorreram nos últimos 10 anos, como a instituição da Lei Maria da Penha, e mesmo o maior acesso a tais pesquisas e registros de casos. As mulheres têm cada vez mais se organizado para lutar contra as mazelas de uma sociedade patriarcal, machista e heteronormativa.

O projeto Circulação Estadual OjuOrum, contemplado com o edital  Proac de Circulação levará o espetáculo por 08 cidades do estado de São Paulo. A escolha dessas localidades seguiu três critérios: cidades com alto número de feminicídios; cidades onde haja coletivos jovens feministas; e cidades que possuam fortes ligações com as culturas afro-brasileiras.

 

HISTÓRICO DO COLETIVO QUIZUMBA

Fundado por artistas e educadores formados pelo Instituto de Artes da UNESP, Escola Livre de Teatro de Santo André e SP Escola de Teatro, o Coletivo Quizumba surgiu em 2008, com a proposta de estudar, debater e realizar ações artísticas que nos provocassem a agir/refletir sobre questões estéticas e políticas do mundo contemporâneo, com foco no estudo da historiografia e da formação cultural do Brasil e nos símbolos das culturas africanas e afro-brasileiras.

A primeira obra que resultou do encontro destes artistas foi o espetáculo infanto juvenil Quizumba! que narra as trajetórias de Mestre Pastinha e de Zumbi dos Palmares. Para a montagem deste primeiro trabalho tivemos apoio do Edital Proac de Montagem de Espetáculo Inédito, da Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo, em 2010. O espetáculo, que estreou em maio de 2011 no Quilombo Cafundó, em Salto de Pirapora, interior de São Paulo, realizou três temporadas: a primeira na Casa de São Jorge, sede da Cia São Jorge de Variedades, em 2012, a segunda no Teatro João Caetano, pelo edital dos teatros distritais da cidade de São Paulo, em 2013; e a terceira na sala Arquimedes Ribeiro  – Funarte SP, nos meses de abril e maio de 2015.

Em 2011 o espetáculo circulou pelas cidades de Diadema, Santo André, São Bernardo do Campo, Lençóis Paulistas e nos SESCs: Catanduva, Sorocaba e Bauru. Além de realizar apresentações na Fundação CASA, de São Paulo, e no IX FREPOP- Fórum regional de Educação Popular do Oeste Paulista em Lins-SP. No ano seguinte, circulou pelos SESCs: Pompéia, Interlagos, Santo André, Santos, Campinas e São José dos Campos. Neste mesmo ano, realizou apresentações no Teatro Vila Velha, em Salvador-BA, participando do IV Festival Internacional “A cena tá Preta”. E a convite da UFG- Universidade Federal de Goiás, apresentou em centros de Capoeira Angola na cidade de Goiânia-GO. Ainda neste ano realizou apresentações no Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô em São Paulo.

Além de Quizumba!, também partindo das pesquisas na cultura africana e afro-brasileira, o Coletivo estreou, em 2012, o espetáculo de narração de histórias Cantos de Aiyê, inspirado em contos da tradição oral africana, que circulou por diversas instituições da cidade de São Bernardo do Campo neste mesmo ano.

Contemplado com o Proac Incentivo à leitura – 2013, o projeto Toguna: narrativas afro-brasileiras ocupou a Biblioteca Municipal Paulo Duarte, no bairro do Jabaquara, com atividades artísticas e artístico-pedagógicas. Tendo como ponto de partida a cultura africana e afro-brasileira, o projeto teve como eixo reflexivo a oralidade e a escrita: formas de registro de nossas histórias.

Em 2014 o Coletivo foi contemplado com o prêmio Myriam Muniz, do Ministério da Cultura, para circulação do espetáculo Quizumba! por diversas cidades da região nordeste. O espetáculo também foi aprovado no projeto de Arte-Educação do SESI- SP, que possibilitou a circulação por cidades do interior paulista nos meses de maio e agosto de 2015.

Com o projeto Santas de Casa Também Fazem Milagres, o grupo foi contemplado em 2014 com a 25ª. Edição da Lei de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo. O projeto viabilizou diversas ações, culminando na estreia deOjuOrum.  O espetáculo fez sua primeira temporada em outubro e novembro de 2015, na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho, sede da Cia de Teatro do Heliópolis. Neste mesmo ano o espetáculo circulou por diversos bairros de São Paulo, por meio do projeto NOVEMBRO NEGRO.

Em 2016 o espetáculo participou das mostras: Arte Substantivo-feminino, do SESC Belenzinho; 2ª edição da Mostra da Mulher Afro, Latinoamericana, Caribenha e Indígena – Violências In’vibilizadas; da 24° edição da Mostra de Teatro Monte Azul; e do 1° FELT – Festival da Escola Livre de Teatro de Santo André.

Neste mesmo ano realizou sua segunda temporada, de 05/04 a 31/05, no Centro Cultural São Paulo. No segundo semestre foi contemplado com o edital  Proac de Circulação, da Secretaria de Estado da Cultura, com o projeto Circulação EstadualOjuOrum.

 

SERVIÇO:

DATA: 29 DE ABRIL DE 2017 | sábado | 19h

LOCAL: CAC Walmor Chagas – Rua Netuno, 41 – Jd da Granja – São José dos Campos

GRATUITO – Retirar ingressos com 01 hora de antecedência.

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 anos.

INFORMAÇÕES: 12 3941 – 7631