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quarta-feira 8 maio 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Dança comigo? Não é só um movimento

Comilanças Históricas e Atuais – Dança comigo? Não é só um movimento

I – Dança
A Inglaterra presenciara o nascimento e o pôr do sol. Os homens, as mulheres, as crianças, depois do jantar, sentavam-se diante dos descampados fronteiriços às casas, para contar histórias passadas durante o dia e observar o luar. Os duendes e os gnomos brincavam nos galhos das árvores, penetravam nos corpos dos mortais despertando os chamegos adormecidos.

Amores, confissões assopradas
Pelos lábios incertos
Paixão, Romeus, Julietas,
Mulheres e homens que morreram
Na rapidez dos beijos roubados

Os camponeses acendiam tochas, clarão misturados com sombras. Todos davam-se as mãos, trocavam passos, os pés iam da esquerda para a direita e vice e versa. Os rodeios mais atrevidos encostavam os corpos no suor do desejo. Assim, lentamente e, ao mesmo tempo, agitadamente, nascia a dança. Parto que quebrava a rotina.

Os alemães obedeciam aos movimentos arrastados da lua. O céu, as estrelas, o movimento dos astros. Os homens pegavam as mãos das mulheres e giravam os corpos, movimentavam os pés, sentimentos enlaçados. Os corações se colavam movidos pela suavidade da brisa. Os movimentos provocavam declarações entre os pares, os olhos espantavam-se na saturnidade da noite.

Pés girando
Para frente e para trás
O corpo ameaçando e buscando
Elevações
As mãos se apertando e
A dança nascia, sem lembranças
Do dia trabalhado de sol a sol

Esses gesto, ações, poesia e luar, receberam do francês o nome danse, e foram se aperfeiçoando de acordo com a música, o ritmo, a coreografia e as reuniões sociais. Os franceses deslizaram os pés pelo chão, giravam o corpo como os diálogos astrológicos. Aproveitavam a emoção para falar de amor, de paixão, de segredos jamais contados. Foi no cheiro das flores da noite, que a dança se apresentou de corpo inteiro, como um representante digno do século XVI.

II – Brasil
No século XIX, professores da Corte Portuguesa chegaram ao Brasil trazendo, nos baús, cursos de etiqueta social, educação comportamental e uma modalidade de dança realizada nos salões, nas festas, no calor do corpo da população perdida nas ruas do Rio.

Aquilo que nos acostumamos a chamar de sociedade forma um mundo paralelo às coisas comuns da natureza. A chamada sociedade é formada por seres humanos necessitados de uma verdade que está em todos os lugares, a necessidade descontrolada e movida pela vontade de ser amado, isso leva todos os seres a buscar a satisfação, sem nunca, porém, ter a certeza da satisfação.

O amor é justamente uma fotografia desse estado, uma sensação de estar dividido entre o desejo incontrolável e um medo danado de manter um vínculo com alguém.

O amor sorri no início da caminhada; o amor transforma espaços em ninho; o sentimento espontâneo em decoração. As folhas arrancadas, a rotina, o cotidiano, o lugar comum, transformam todos os dias em irmãos gêmeos, idênticos até no apagar de uma vontade.

De repente, no estouro de um vento mais forte, a crise desponta atrás de uma cortina, tentando gerar mudanças no cotidiano vestido, o aparecimento de uma busca de algo mais, procurando transformar a rotina e a criatividade dos humanos. O que chamamos de crise, nada mais é do que a força que tenta tirar todos os homens e mulheres daquilo que estamos condicionados a fazer todos os dias.

No final ou início da estrada o mundo procura o novo, para tirar o viver do automático.
Assim, e por isso, o filme “Dança Comigo?” transforma-se numa espécie de cinema profundo, que mostrasse a luta de um homem procurando reorganizar a vida em sua casa, salvar a sua família, mudar a pasmaceira social.

III – Japão – antecipação
Em 1996, o cinema japonês filmou “Dança Comigo?”. Havia, na fábula japonesa, um homem dedicado ao negócio. Durante o trajeto do seu trabalho para sua casa, vê uma bela jovem, através de uma janela de uma escola de dança.

O seu coração se descontrola.
Os seus olhos descobrem outro mundo.
O seu amor acorda de um longo sono.
O personagem chamado Shohei sobe a escadaria da escola e conhece Mai, uma professora de dança. À primeira vista e por engano emocional a dançarina senti que Shohei poderia ser um sedutor dos mais baratos, um D. Juan embolorado.

Na periferia da narrativa, Shohei era um bailarino famoso, que estava em busca de uma parceira. O treinamento caminhava; surge a proposta de uma competição de dança, organizada por um órgão estatal. Ele torna-se amigo dos alunos excêntricos da escola. A dança, no Japão é conceituada como uma atividade fútil para um empresário. Para que o seu eu pudesse realizar ou projetar a sua liberdade, mantinha as suas aulas de dança em segredo.

A sua família notou a sua transformação.
Sorriso – Alegria – A fala saiu do esconderijo.

A mulher, desconfiada, contrata um detetive para segui-lo. Ela acreditava que a transformação poderia ser realizada por uma fada, uma mulher especial. O filme ganhou 57 prêmios. A crítica agradeceu ao cinema japonês por levar às telas a qualidade, a beleza, a paixão, o amor familiar que fecha a narrativa.

IV – Oito anos se passaram
Os funcionários do cinema americano escovaram as máquinas de filmar, aprontaram uma guinada no coração, tendo em mente a refilmagem de “Dança Comigo?”.

A direção do novo e velho longa metragem entrou na vida do diretor Peter Chelson; a criação ou recriação do roteiro, pela sua simplicidade, embora nadando na margem da psicanálise, foi escrita por Aldrey Wells e Masayrike Suo. O elenco circulava pelos estúdios americanos, pois os próprios filmes os escolhiam. Richard Gere, considerado um ator dotado de carisma, beleza, educação, um budista vegetariano. A atriz, Jennifer Lopes, a mulher da janela, fala muito pouco no filme, dança uma música, e não tem envolvimento temático que vá além de sua presença.

A atriz Susan Surandon não foi explorada em toda a sua capacidade interpretativa, já que é, na atualidade, uma das maiores atrizes americanas. Ela representa a esposa de John Clark, Beverly Clark, uma dona de casa frequente na maior parte dos lares americanos.

V – A escolha de Chicago
O território urbano é habitado há 3.000 a.C. Dizem, não podemos garantir com todas as letras, que um índio sofrendo de paixão por dentro da pele, olhou as águas do enorme rio que atravessava os vales, e deu o nome à cidade da seguinte forma:

O rio segue em frente, não
Olhando os lugares percorridos.
Havia uma planta que nascia,
Vivia, amava. Floria nas margens
Do rio movimentado.
O nome dessa planta era checagou
E Chicago a cidade se tornou.

VI – Chicago
O tempo transformou Chicago numa das cidades mais populares da América. Ela andou pelas núvens, produziu indústrias de telecomunicações, aeroporto, assumiu a função de centro vital dos negócios do Tio San. Nas suas noites, os cinemas dançam nos tablados, os musicais ressoam no espaço aéreo, os edifícios chegaram nas asas dos anjos.

VII – John Clark
Trabalha num escritório de advocacia. Há mais de 30 anos, acorda no chamado do amanhecer. Dá um beijo no rosto da esposa que ama, dos filhos que adora, toma café, veste o terno comum, e sai pela rua de todos os dias exilados, sem encontrar pessoas conhecidas. O movimento esmaga a possibilidade de abalar a rotina.
Caminha até a estação de metrô, é empurrado para dentro do vagão. Senta-se ao lado de alguém que nunca viu, os olhares se desviam, as vozes estão mortas.

A sua mulher, passando pelas mesmas sensações, trabalha numa loja de departamentos.
Fim do expediente. Metrô lotado. Beija sua esposa Beverly, que está de saída. A filha se tranca no quarto. Nos horários das refeições, fala-se muito pouco, a América não permite bate e volta na família. A sua família era a fotografia das casas americanas.

VIII – As luzes – dentro da terra
Uma tarde, de dentro do metro, observa as letras iluminadas apresentando-se como uma escola de dança de salão. Na última janela surge a figura estática de uma linda mulher chamada Paulina.

Expressão embalada pela distância.
Sem movimento, um porto dentro do mar.
A estampa da atriz Jennifer Lopes
Moldada pelas mãos que ajeitaram o mundo.

Na segunda vez, sai do metro, entra na escola e faz sua matrícula. O sorriso aberto muda a seriedade e a olheira, o molejo do corpo, a preparação agitada remodela o seu físico, não conta para os amigos de trabalho nem para a família.

O seu comportamento em casa parece uma mudança de canal de televisão. A mulher desconfia, coloca em seu encalço, um investigador particular.

Nas coisas da terra não existem linhas tortas. Ele participa de uma competição de dança, a mulher e a filha entram escondidas. Na apresentação da valsa, sua filha não resiste e grita: “É isso aí, pai”.

IX – Pauline – fechamento
Ela vai dançar na Inglaterra, mas solicita que, no brasil, ele, John dance uma última música com ela. Ele, no vendaval das mudanças conta a esposa.

X -A repartição
John aceita a dança, a amizade, a admiração. Ele veste um smok, consegue uma rosa vermelha, daquelas que brotam nos jardins asiáticos a cinco mil, simbolizando amor, paixão, felicidade, respeito, adoração e vai em direção a loja que a esposa trabalha. Ele, a rosa, a vida, o sorriso. Essa cena foi, na opinião da crítica, a mais linda imagem do cinema.

O beijo e o susto
O abraço e a rosa
Os passos de uma dança
Sem classificação determinada
E o tema do filme está
Na atitude, no sentimento,
No romper a rotina,
No giro que a vida pode dar
“Eu te amo”
É a nova proposta para um planeta que aprendeu a fazer um só movimento.

Receita

CHEESECAKE VEGAN DE LIMÃO

Ingredientes: 300 g de bolachas digestivas vegan; 125 g manteiga vegan; 300 g filadélfia vegan; 60 g açúcar em pó; 1 colher chá extrato baunilha; Sumo de 1 ou 2 limões; 250 ml natas de soja para bater; Casca de 1 limão ralado, para decorar

Preparação: Triture as bolachas juntamente com a manteiga vegan, até obter um granulado uniforme. Espalhe-o numa base para tortas e pressione-o até que a camada fique lisa. Num recipiente, bata o queijo-creme vegan, o açúcar em pó, o extrato de baunilha, e o sumo de limão até obter uma mistura fofa. Noutro recipiente, batas as natas de soja até ficarem bem espessas, adicionando-as de seguida à mistura de queijo. Coloque a mistura sobre a base de bolacha e leve a geladeira durante cerca de 4 horas, ou durante a noite. Pode também levar ao congelador durante cerca de 2 horas, se necessitar do seu cheesecake pronto mais rapidamente. Polvilhe toda a superfície cremosa com a casca de limão ralado, e está pronto a servir. Bom apetite!

por Adriana Padoan