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sábado 18 maio 2024
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A Urgência dos estudos sobre a África

É necessário e urgente que se estude, no Brasil, a África – pregava, na metade do século XX, mestre Agostinho da Silva. Foi sob seu acicate que se criou o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade da Bahia, a cuja sombra se moveu uma geração de interessados na África e em sua história, alguns dos quais atravessaram o oceano e foram estudar e lecionar em Dacar, Ibadan, Ifé, Kinshasa. Cito alguns nomes: Yeda Pessoa de Castro, Júlio Santana Braga, Pedro Moacyr Maia, Guilherme Castro, Vivaldo Costa Lima e Paulo Fernando de Moraes Farias. O último, há uns trinta anos fora do Brasil, abrigado na Universidade de Birmingham e escrevendo quase sempre em inglês, tornou-se um dos mais conceituados especialistas na história do Saara e da savana sudanesa.
Ao Centro baiano seguiram-se o Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo e o Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade de Cândido Mendes. Nas revistas dessas três instituições, Afro-Ásia, África e Estudos Afro-Asiáticos, predominam, contudo, sobre os estudos de história africana, os trabalhos sobre as influências africanas no Brasil, sobre as relações entre o nosso país e a África ou sobre problemas de política contemporânea.
O volume de José Honório Rodrigues continua a ser o melhor trabalho sobre as relações entre o Brasil e o continente africano, vistas da perspectiva brasileira. O que lhe falta – como às obras sobre a escravidão no Brasil – é saber como o outro lado, a África, condicionava ou influenciava essas relações. A própria história do tráfico só recentemente, com livros como o admirável Way of death, de Joseph C. Miller, e o excelente Em costas negras, de Manolo Florentino, começou a ser investigada na duas margens.