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terça-feira 14 maio 2024
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A longevidade da vida

“O valor da vida não está na longevidade dos dias, mas no uso que deles fazemos. Uma pessoa pode ter vivido muito tempo, e todavia pouquíssimo.”
Recorremos a um autor que facilmente oferece motivos de reflexão mediante páginas marcadas pelo caráter lapidar e essencial.É dos Ensaios do famoso pensador francês Michel de Montaigne (1533-1592) que extraímos esta breve meditação sobre a vida num novo ano que se inicia.
Hoje, a existência humana prolongou-se muito, mas não é por isso que podemos dizer que se vive mais, em sentido autêntico. Por vezes os idosos tem diante de si anos e anos de sobrevivência quase larvar, meramente vegetativa.
Mas isto vale também para muitos jovens ou para quem está na plenitude do vigor da maturidade. Pode-se, com efeito, simplesmente ser-se sem se ser verdadeiramente. O tempo cronológico é igual para todos, mas é bem diferente o conteúdo existencial que o preenche.
Efetivamente, há quem tenha à sua frente só dias vazios, “dias tristes e anos – como confessava Qohélet – de quem devo dizer: não sinto neles prazer algum” (12,1). E há. Ao contrário, quem complete as suas vidas de obras, pensamentos e afetos. Só assim se pode dizer verdadeiramente que se vive, e não apenas que se existe.
Reflitamos, então, com as palavras do salmista: Sacia-nos pela manhã com os teus favores, para podermos cantar e exultar todos os dias. Venham sobre nós as graças do Senhor, nosso Deus! Confirma em nosso favor a obra das nossas mãos; faz prosperar a obra das nossas mãos” (Sl 90,14-17).