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segunda-feira 13 maio 2024
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Na formação de uma família

• Raul Teixeira – Niterói/Rio de Janeiro
1 – Ângulos espirituais da família
Muito própria, para os tempos que correm, a análise mais ampla possível da formação familiar.
Sem contestação, a família constitui exemplo de pequeno grupo experimental, engendrado pelos Prepostos do Criador, de modo a permitir aos Espíritos a vivência das experiências variadas capazes de os cumular de aprendizados importantes para a vida perene da alma.
Nada obstante as considerações sociológicas e antropológicas acerca da estruturação e desenvolvimento da instituição familiar, aqui, desejamos refletir sobre as questões de ordem sócio espiritual da sua formação, com o enfoque na necessidade de maior maturidade dos parceiros dessa união doméstica.
Nos propósitos da Divindade, é fundamental que, enquanto nos ciclos de vida mais modestos, durante as reencarnações em mundos ainda rudimentares, as almas desenvolvam elementos tais que lhes permitam viver no porvir planetário a condição da grande e conscientemente integrada família cósmica.
De que forma esses indivíduos trazidos aos orbes materiais conquistariam essa ‘sociabilidade transcendental’, para o grande futuro da humanidade, senão por meio de micro experiências em conjuntos familiares?
Ao longo das idas e vindas das almas ao cadinho planetário, onde são buriladas, pouco a pouco, entre equívocos e acertos, afastando-se e acercando-se das divinas leis, vão-se desenvolvendo incontáveis habilidades, maneiras, sensibilidade, condicionamento que são de molde a permitir que esses filhos de Deus logrem, mais à frente, conviver em um circuito bem mais amplo, junto a indivíduos de todos os tipos de pendores, de gostos, virtuosos e viciosos, enquanto avançam sempre. Imprimirão, assim, na inconsciência, recursos de tal magnitude que lhes permitam uma convivência amadurecida, onde haverá lugar para a aceitação de cada um como cada um se apresenta, não para manter o status quo de equívocos e atrasos, mas para que se possam achar modos próprios, compatíveis, bem estruturados de libertação dos atavismos, do atraso, da inconsequência, da violência de qualquer jaez.
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2 – Condições básicas para o êxito familiar
Dentre os grandes desafios que se apresentam a cada pessoa, quando se dispõe a conquistar um parceiro para a vida em comum, está a velha questão quanto aos fundamentos dessa busca.
De parte das leis divinas, esses encontros devem visar sempre a busca do crescimento do par, crescimento que se vai forjando nas múltiplas dimensões do indivíduo: crescimento moral, sentimental, emocional, intelectual, e outros, o que fomentará, pouco a pouco, o progresso do Espírito reencarnado, por meio do qual se vê no conjunto das almas alcandoradas, que conseguem cooperar, de modo mais alto e mais amplo, com a vontade do Criador.
Importante seria que cada qual pudesse refletir a respeito de sua própria condição individual, desde a sua forma de encarar a vida, de regê-la, até o seu modo de relacionar-se com terceiros de fora do grupo consanguíneo. Isto sem deixar de considerar que até o momento de sua decisão de coligar-se a alguém, passionalmente, vivia, em tese, no bojo de uma família onde logrou estruturar sua personalidade, seja ela qual for, e que, agora, se tornará indispensável ajustar tudo isso a outro ser que, igualmente, tem a sua história de vida familiar.
Deseja-se que a união desses parceiros não se converta num continuado empenho de domar, de submeter o outro, ignorando-se toda uma realidade formativa, que não se consegue abater senão ao preço de muita dor, de muita frustração, de muita desventura que, facilmente, se converte em processo de mágoas, de ódios de difícil solução.
Essencial seria que os indivíduos que se lançam à formação da família, assumissem compromisso com o conhecimento de si mesmos. Bom se conseguisse compreender cada um a si mesmo; se se responsabilizasse por suas próprias escolhas, sensações e emoções, sabendo que as suas realizações são suas e que, por isso, não deverão atribuir aos outros qualquer culpa por insucessos que lhe possam advir.
Fundamental seria que, após a crise de identidade que costuma ser característica da fase adolescente, o ser adulto conseguisse maior independência, pudesse ser mais autônomo, nada obstante o apego aos afetos do grupo familiar.
Nesse esforço pela independência e autonomia, a pessoa passaria a investigar-se e ter mais atenção para com a sua bagagem íntima individual; observar e aquilatar a sua escala de valores – que define fortemente o rumo que as criaturas dão a suas existências, bem como às escolhas que fazem para seus caminhos –; o que almeja para si mesma, tanto em termos profissionais, sexuais e afetivos. Além do mais, cada qual se indagaria a respeito do que é capaz de fazer na vida perante o rol dos conhecimentos e sentimentos que detém.
Encontraríamos embasamento firme para uma estrutura familiar às leis de Deus, caso as pessoas fossem capazes de fazer essa verificação a respeito de si mesmas.