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domingo 28 abril 2024
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Governo Federal deve interromper calendário de implementação do novo ensino médio

Governo Federal deve interromper calendário de implementação do novo ensino médio

Ministério da Educação elabora portaria para suspender mudanças no formato educacional das últimas séries da educação básica

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve assinar uma portaria nas próximas semanas para interromper o cronograma de implementação do novo ensino médio. O ato do chefe do Executivo deve ter uma duração de 90 dias. Nesse prazo, o governo vai decidir como deve reestruturar o formato educacional das últimas séries da educação básica

O novo ensino médio ampliou o tempo mínimo do estudante na escola, de 800 horas para mil horas anuais, e definiu uma nova organização curricular, baseada na oferta de itinerários formativos organizados dentro das áreas de conhecimento (linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas) e de uma educação técnica e profissional.

Segundo o calendário de implementação desse modelo, até 2024 as regras passariam a ser aplicadas em todos os anos do ensino médio. Além disso, no ano que vem, a matriz de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) seria atualizada, para se alinhar às diretrizes do novo ensino médio.

Nos últimos meses, o governo federal vinha sendo pressionado por movimentos estudantis a não dar continuidade às mudanças no ensino médio.

A principal reclamação sobre o novo modelo é de que ele proporciona uma maior desigualdade entre os alunos e desfavorece quem estuda em escolas em situação precária.

O próprio presidente Lula já criticou o formato. No mês passado, ele prometeu que buscaria alternativas para suspender o novo ensino médio. “Conversei com o ministro da Educação, Camilo Santana, sobre o novo ensino médio. O Ministério da Educação vai fazer um debate com alunos e professores, para fazer uma nova proposta. Vamos fazer o que for melhor para os estudantes.”

Consulta pública

Em março, o Ministério da Educação (MEC) abriu uma consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional de ensino médio, que será implementada por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do novo ensino médio nos 26 estados e no Distrito Federal.

A consulta vai receber manifestações até o início de junho, mas o governo pode prorrogar o prazo, caso seja necessário. Após as manifestações, a Secretaria de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino (Sase) terá 30 dias para elaborar o relatório final, a ser encaminhado ao ministro Camilo Santana.

De acordo com o MEC, o objetivo da consulta é “abrir o diálogo com a sociedade civil, a comunidade escolar, os profissionais do magistério, as equipes técnicas dos sistemas de ensino, os estudantes, os pesquisadores e os especialistas do campo da educação para a coleta de subsídios para a tomada de decisão do Ministério da Educação acerca dos atos normativos que regulamentam o novo ensino médio”.