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segunda-feira 20 maio 2024
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Fé e Razão – O tesouro da Consciência

A consciência é algo fundamental na vida de qualquer pessoa. Lemos na Gaudium et Spes, documento do Concílio Vaticano II (1962-1965): “ No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz , que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que é julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser”(n.16).

O que é, então , a consciência? É a voz de Deus em cada ser humano criado à sua imagem e semelhança, capaz de bem e de mal. É, para cada pessoa, o critério último e definitivo do seu pensar, falar e agir. Diz o axioma:”Quem age contra a sua consciência merece condenação”.

A consciência é a voz de Deus, eco da Palavra que ressoa na intimidade , ainda que sempre limitada e condicionada pelo ser humano. Eco reflexo da liberdade de que toda a pessoa é dotada, sempre condicionada pela própria condição humana. Certamente que para exercer a consciência é preciso poder dizer “eu”, e, portanto, condição prévia é que haja um espaço de liberdade para este “eu”.

Isto, no entanto, na consciência de que sobre cada pessoa pesam vários condicionamentos: a história social, familiar, pessoas, as estruturas que nos plasmam, a cultura em que estamos mergulhados, as alterações devidas a várias circunstâncias da vida.

É sobre o terreno da consciência que todos os humanos deveriam confrontar-se para caminhar juntos. É a consciência o órgão a exaltar para indicar a verdadeira dignidade de cada homem e de cada mulher: um órgão que deve ser absolutamente exercido, para deixar às novas gerações um esboço de criticismo, de resistência, para as habilitar às escolhas que terão, com responsabilidade e criatividade, de assumir e exercer.

Quando pensa, exercite-se no discernimento, interrogando-se longamente, em vez de procurar respostas fáceis. Com efeito, é na consciência que, através do exercício da crítica e do confronto, se pode abrir o caminho para a verdade.

Quando reza, procure antes de tudo escutar mais do que falar a Deus. A voz de Deus é um “silêncio sutil” (1 Rs 19,12), e, por vezes, se Ele parece mudo , é porque a surdez daquele que crê se torna impedimento a uma verdadeira escuta.
A consciência não é uma voz que nos recorda uma lei “já feita”, a aplicar de maneira mecânica, mas pede-nos criatividade no discernir situações novas, sempre iluminadas pelo princípio fundamental do amor. Por isso, é inviolável, é um santuário, é o tesouro que cada ser humano recebeu de Deus como dom.

A consciência deve ser ajudada a descobrir os seus erros, deve confrontar-se, mas nenhuma autoridade humana tem o direito de pisar a consciência pessoal.

Prof. José Pereira da Silva