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sábado 18 maio 2024
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Fé e Razão – Finados: o dia do nascimento para a vida eterna

Vida e morte são duas portas que permanecem misteriosas. O ocidental teme a morte como mistério impensável. A morte, fenômeno indissociável da vida. A nossa sociedade tecnológica, que pretende substituir o maravilhoso e a fé pelo racional, não ajuda quem esta morrendo a passar por esse momento crítico.

A morte não se apresenta como a destruição do homem, e sim como trânsito, aliás, nascimento para a verdadeira vida, a vida eterna. “Sabemos – escreve São Paulo – que quando se desfizer a tenda desta habitação terrena, receberemos uma habitação eterna de Deus nos céus” (2 Cor 5,1).

Dissolver-se-á o corpo, tenda terrena, mas viverá o espírito junto de Deus até que, no fim dos tempos, também ressurjam os corpos por virtude de Cristo que declarou: “Esta é a vontade de meu Pai, que todo aquele que… crê no Filho tenha a vida eterna e eu o ressuscitarei o último dia” (Jo 6,40).

Peregrinos na terra, defuntos estamos todos a caminho da ressurreição final que nos tornará plenamente participantes do mistério pascal de Cristo. Enquanto não chega a ressurreição, rezemos uns pelos outros e sobretudo ofereçamos sufrágios pelos nossos mortos “santo e salutar é o pensamento de rezar pelos defuntos para que sejam libertados de seus pecados” (2 Mc 12,46).

Para quem creu em Deus e o serviu durante esta vida, a morte não é um caminhar para o nada e, sim, para os braços de Deus. É encontro pessoal com o Senhor para viver “junto dele no amor” e na alegria de sua amizade. Portanto, o cristão autêntico não teme a morte. Considerando que enquanto vivemos neste mundo “estamos exilados longe do Senhor”, o cristão repete com São Paulo prefiro “sair do corpo para ir habitar junto do Senhor” (2 Cor 5,6, 8).

A fé cristã professa não apenas a continuidade “espiritual” do ser humano, mas também uma continuidade “corporal”, que não deve ser entendida de modo material. Isso é o que professamos ao dizer ”Creio na ressurreição da carne”. É a totalidade do ser humano, purificado, integrado e liberto pelo amor e para o amor que entra numa nova dimensão da graça de Deus.

Não se trata de exaltar a morte, mas de vê-la qual realmente é no plano de Deus: o dia do nascimento para a vida eterna. Está visão serena e otimista da morte baseia-se na fé em Cristo, já que pertencemos a ele. Pois disse Jesus: “A vontade daquele que me enviou é que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia” (Jo 6,39).

Se aceitarem ser propriedade de Cristo e a viverem com a fé e as obras segundo o Evangelho, podem viver certos de estar enumerados entre “os dele” e, como tais, ninguém, nada os poderá arrancar das mãos de Jesus, nem a morte. “Quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor”, exclama o Apóstolo (Rm 14,8).

Prof. José Pereira da Silva