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segunda-feira 20 maio 2024
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Fé e Razão – Cultivar o tempo: reencontro interior na construção cotidiana da vida

O tempo é a moeda corrente da vida. O tempo é uma via para um reencontro conosco mesmo e nossa interioridade. Buscar uma renovação interior. Saber parar para se reencontrar.
O tempo é oportunidade de ordenar a vida e percebê-la naquilo que é essencial. É perceber onde se encontra no tempo da vida. O tempo exige paradas para se fazer às limpezas internas.

No mundo moderno no ritmo de frenesi nem sempre as pessoas se permitem este tempo. O tempo deve ser o tempo especial de peregrinação para nosso interior e para uma vida mais significativa. Nessa peregrinação a principal bagagem somos nós próprios.

Vislumbrar o tempo como um voltar ao essencial e ter sensibilidade aos valores significativos da vida.
Dar tempo a si mesmo é trabalhar para não asfixiar o espírito e parar e pensar na vida. Vivenciar um tempo de qualidade humana é não banalizar a vida no fluxo do ativismo frenético. É escapar do tempo vivido na superficialidade.
Vivenciar o tempo longe das palavras vazias e sem sentido. Vivenciar o tempo é saber dizer não a tudo que nos desumaniza.

O tempo numa dimensão profunda significa liberta-se dos egoísmos , das ambições mesquinhas e das indiferenças. É o tempo que constrói pessoas com dignidade.
A vivência do tempo jamais pode anestesiar o coração ao contrário deve sempre trazer sopros de vida. Tempo para respirar a vida que muitas vezes se perde na correria cotidiana.

O tempo é o espaço dado por Deus para fazermos o bem e para irrigarmos o coração com o amor que se doa.
O tempo que dá espaço a memória e não ao imediatismo de um tempo fugaz. O tempo como qualidade para pensar e refletir. Vivenciar o tempo como momento de crescer enquanto pessoa.

O tempo faz parte da realidade humana e numa perspectiva psicológica é somente livre quando liberta. O tempo jamais deve alienar aquilo que não é inalienável.
O tempo de ser simples quando traz coesão e identidade. Um tempo que se abra à eternidade O tempo deve ampliar e aprofundar os momentos existenciais e jamais abreviá-los.

O tempo não pode se restringir a sucessão de dias do calendário numa mecânica temporal. Porém recuperar o tempo como instantes de plenitude e satisfação Instante de sentido pleno.
A crise do tempo é sintoma de algo mais amplo, ou seja, crise do sentido da existência. O tempo é um horizonte de possibilidades com relação ao mundo, a nós mesmos e com o outro. O tempo nos enquadra na finitude humana e ao mesmo tempo nos abre a infinitude para qual fomos criado.

A temporalidade do qual somos feitos é um processo de construção cotidiana. Portanto o tempo exige atenção cuidadosa. O tempo como condição e possibilidade de liberdade Quem não tem tempo na realidade não se possui. É sempre uma exigência a necessidade de libertar o tempo para que aja verdadeira realização pessoal com a marca humana.

Como dizia a poetisa Cora Coralina (1889-1985): “ Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo”.

Prof. José Pereira da Silva