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domingo 19 maio 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Som alto e lixo na rua

Fim da tarde de um dia muito quente, última terça-feira. Noite começando…

Chego em casa, desejando relaxar, descansar, ligo o ventilador de teto para amenizar um pouco o calor e eis que os vidros das janelas da sala começam a tremer convulsivamente. Olhei para o ventilador como que a perguntar…”Mas, o que você fez ventilador?” Ele não me respondeu e entendi que a culpa não era dele. Pensei, então, que um tsunami estava a caminho, mas não podia ser, Taubaté está a 580 metros de altitude em relação ao mar e a cem quilômetros de distância. Mas, então, o que está fazendo os vidros trepidarem? Aí gelei, senti um frio enorme na barriga e um calafrio percorreu a espinha, só podia ser um terremoto. Ferrou! Mas, terremoto em Taubaté? Difícil. Bom, talvez a casa esteja simplesmente caindo. Putz. Já estava quase saindo correndo quando um som horrendo se sobrepôs ao das janelas tremendo. Era o som de uma música, se é que se pode chamar aquilo de música. Algum anencéfalo estava passando, de carro, pela rua de casa, com o som ligado em um volume absurdo, sem se preocupar se estava incomodando os outros, fora de qualquer limite de decibéis e fazia até os vidros da janela vibrarem. Me lembrei da frase de um conhecido:

”Não é possível que o indivíduo, lá dentro do carro, esteja confortável”.
Olha, mesmo para os meus ouvidos leigos, era possível perceber com facilidade que os alto falantes estavam estourados…e muito estourados. E o, sem cérebro, dentro do carro, continuava “se achando”. Meu Deus do céu, como é que pode?

E o seu gosto musical (podemos chamar assim?), igual a todos que ouvem músicas em limites absurdos, era péssimo. Letras horríveis, de qualidade duvidosa, de caráter pejorativo, ofensivo, com palavrões e mais palavrões…e fico a pensar o que leva um indivíduo a ouvir tal coisa. Sinto pena de seus pais, não deve ser fácil criar um filho com carinho e amor e ver o danado se transformar em uma coisa daquela. Não deve ser fácil.

Mas, esse sujeito sem cérebro, é como aquele que picha muros…estou falando em pichação, não na famosa arte de rua onde encontramos obras de arte desenhadas com estilo, beleza e competência. Estou falando daquele que escreve palavrões ou letras ininteligíveis e incompreensíveis (talvez seja o alfabeto de algum planeta distante) e se diz um rebelde.

Uau! Ele está protestando contra o mundo! Quanta inteligência!

E, acredite, tem pior, são aqueles que continuam a jogar lixo na rua. Como é que pode? Ele resolve seu problema, jogando seu lixo na rua. Aí o lixo entope bueiros, vem a chuva e a água invade sua casa e ele reclama e se diz um azarado.

É lógico que nem toda vítima de enchente faz parte do grupo que joga lixo na rua, claro.
Em muitos casos, são vítimas da incompetência e desinteresse de governos, sejam eles municipais, estaduais ou federais, que não fazem o que deveriam, mas o povo podia cooperar, fazer a sua parte. E quando não faz, que moral tem para cobrar seus governos?

Em frente à casa da minha irmã, por exemplo, tem uma praça muito linda e é comum o pessoal descartar seu lixo lá…perto dessa praça tem um carrinho de lanche e o pessoal descarta as embalagens plásticas de seus lanches na grama bem cuidada da praça.

Mas, o que custa levar o saquinho plástico até a lixeira, próxima ao carrinho?
Tem que pensar e essa é a parte difícil.

E quando você está no trânsito e vê o lixo ser descartado pelas janelas do carro à frente?
Que difícil manter um saquinho, dentro do carro, para descarte do seu lixo.

Em Taubaté, tem pontos de descarte de móveis usados, restos de materiais de construção, galhos de árvores…sabe aquela vassoura quebrada? O sofá quebrado? Os restos daquele armário de madeira? Então, não precisam ser jogados nas ruas, calçadas e riachos.

Mas, é difícil, né? Tem que raciocinar, ter consciência e isso não é para todos não.
Aliás, não acha parecido quem ouve música em volumes exacerbados e quem joga lixo na rua?