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sábado 4 maio 2024
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“Crônicas e Contos do Escritor” – Os dois lados da moeda

Sabemos que tudo tem o outro lado, tem o lado bom, mas com certeza tem algo ruim, ou mais ou menos ruim, nada é perfeito. A moeda tem dois lados, a rosa tem um perfume indescritível, cores lindas, sedosa ao toque, mas nada é perfeito, também tem espinhos. Aquele trabalho, supostamente maravilhoso, bom salário, boa estrutura para o trabalho, com certeza, vai ter um chefe chato, injusto, ou, quem sabe, uma equipe de difícil relacionamento. E, se o chefe é legal, se a equipe é boa, provavelmente, o salário, as condições de trabalho ou o espaço físico, não serão adequados.

A estação do verão (e sua insuportável temperatura) é boa para usar a bermuda, a camiseta, os chinelos, boa para tomar aquela cerveja gelada, aquele sorvete de coco e etc… Que sol lindo tem o verão, excelente para curtir a praia, a cachoeira, o passeio no campo, tudo muito maravilhoso e perfeito, certo? Errado! Por mais que os amantes do verão (não é o meu caso) o defendam, nada é perfeito, temos que reconhecer. Com o verão, o calorzão insuportável que nos deixa suando, com roupas coladas, desconfortáveis e ainda traz as chuvas fortes, tempestades e, com elas, alagamentos e tragédias. No calor tem os danados dos pernilongos, as nojentas baratas que parecem brotar do nada, simplesmente aparecem, se materializam, e nos perturbam.

Ah, mas o inverno é ótimo! Sim, concordo. É minha estação preferida, mas não é perfeita. Amo o inverno, o friozinho (ou friozão) gostoso. Tem os caldinhos quentes, a feijoada, o vinho, o edredon gostoso, de manhã aquela névoa sinistra que some no decorrer do dia abrindo espaço para aquele sol acolhedor e o céu azul. Época das laranjas pokan (ou seja lá o nome que cada um conhece), o café quente (oh, delícia), o cappuccino (oh, perdição!). No inverno, as pessoas ficam mais bonitas, mais elegantes, mais charmosas, tudo lindo e maravilhoso, mas nem de longe perfeito. A garoa fina, fria e constante, pode até ser bonita e romântica, mas, de vez em quando, atrapalha e muito. Com o inverno aumentam os casos de gripe, o risco de infarto aumenta consideravelmente e pessoas com problemas de circulação, tem, sem dúvida alguma, que tomar mais cuidado.

Pilotar uma moto é maravilhoso, sem dúvida. A sensação de liberdade, o vento no rosto, a emoção, a adrenalina, o sentimento de rebeldia e sensação de juventude, aflorados à pele, oh, delícia. Estaciona-se fácil, locomove-se com rapidez e agilidade no trânsito, ganha tempo…, então… é perfeito? Nem de longe!

O outro lado, ou o lado negro das motos, passa pela segurança, pelo problema da chuva, até mesmo pelo desconforto no frio, sem contar a dificuldade em levar qualquer coisa que seja, perdendo, de longe, para um carro.

A vida é boa, linda, e ninguém quer morrer, afinal, não temos a certeza (ou lembranças – para aqueles que acreditam) de que do outro lado é melhor. Não sabemos, ou não lembramos, e o desconhecido nos assusta, então, na dúvida, é melhor ficar por aqui mesmo. Viver é bom, sim, é ótimo e todos queremos (e devemos querer) viver o máximo possível. Vida longa é o desejo de todos, mas também, como tudo, tem o seu outro lado, a velhice, que traz doenças, sofrimentos, limitações, dependências e nada disso é fácil. Depender de pessoas que, em boa parte das vezes, não estão dispostas a cuidar dos idosos, esquecendo que um dia, talvez, também sejam idosos, não é nada fácil.
Então, suponho eu, nem viver demais é o melhor, é o perfeito.
Enfim, para tudo, em tudo, não adianta buscar a perfeição, isso não existe. Talvez, às vezes, seja apenas nossa própria insatisfação, ou exigências, que nos traz o outro lado da moeda, parece que temos a mania de procurar sempre algo que não é o ideal.
Mas, assim vamos e querendo ou não, isso ou aquilo, é o que temos e pronto. Acho que nos resta seguir em frente e procurar o lado bom das coisas, o lado bom da vida!
E que o novo técnico do Tricolor, Luís Zubeldia, seja bem-vindo e nos traga títulos!