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sexta-feira 17 maio 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – Espártaco, o capitalismo e o comunismo

Comilanças Históricas e Atuais – Espártaco, o capitalismo e o comunismo

I – Introdução: Espártaco e a Guerra Fria
Não precisamos contar nos dedos, quantas guerras houve no mundo. Duas delas marcaram nossas vidas e nossas almas, a Primeira Grande Guerra Mundial e a Segunda Grande Guerra. Ainda ouvimos, no interior das flores dos campos, os soluços daqueles que despediram da vida em Hiroshima e Nagasaki.

A somatória das desgraças, causadas pelas duas guerras, levaram os heróis, pós-guerras, a medir a temperatura de novos conflitos, para não traumatizar a população devidamente já traumatizada. Os Estados Unidos e a União Soviética criaram a chamada Guerra Fria, a luta entre a ideologia capitalista e a socialista. Essa loucura conseguiu polarizar o mundo em dois conjuntos: Capitalismo e Comunismo. Esse pesadelo gerou A Guerra da Coréia e a do Vietnã. As desconsiderações terminaram quando uma fada magnetizada, derrubou o Muro de Berlim e acabou, na nomenclatura, com a União Soviética.

II – O cinema americano
O senador americano Joseph Maccarthy, movido por um golpe de loucura, tomou trinta doses de aguinha, vodca em Russo, misturadas com pó artificial sabor laranja. A bebida desequilibrou o seu cérebro que, desde o nascimento, foi misturado com liquido placentário. Após esse pequeno episódio, realizou uma série de discursos no Senado propondo a repressão, perseguição política, aos admiradores do comunismo, vivendo nos Estados Unidos. Propôs ainda, no âmbito de sua loucura, a censura, a difamação das pessoas, gratificação aos acusadores, traições, registro como subversivos, uma verdadeira casa as bruxas.

O senador americano Joseph Maccarthy, um homem possuído por forças inclassificáveis lançou projetos, leis anticomunistas. A população americana se viu presa por um vendaval de desatinos que, sem se anunciar entrava pelas sua janela: manipulação da mídia dominada por comunistas, convocação de pessoas para interrogatórios, pessoas eram registradas em listas negras, principalmente os atores, diretores, roteiristas, músicos, foram taxados como comunistas, como foi o caso de Charles Chaplin e Albert Einstein. O filme Espártaco foi produzido nesse ambiente e, ao mesmo tempo, tentando despistá-lo.

III – Espártaco – história
O escritor Plutarco, nascido em 46 d.C., escreveu sobre os dramas do chamado Império Romano. Em um dos seus livros “Vidas paralelas”, abordou a vida dos homens que marcaram o tempo; falou de Marco Linício Crasso, um destaque político, Consul, e, nessa narrativa, cita a Revolta dos Escravos e as lutas travadas por Roma contra o líder dos revoltosos, um gladiador de nome Espártaco. O filme que estamos comentando tem, antes de tudo, o cheiro de um registro histórico e, por esse motivo, tornava-se perigoso para a mente política americana e para o cinema.

IV – O homem Espártaco
Houve uma mulher escrava que amou os seus dias e um homem também escravo. Eles se amaram e desse amor nasceu um filho chamado Espártaco. Um nascimento já marcado pelo timbre da escravidão. Aos treze anos, como era comum na época, foi vendido para o proprietário de uma pedreira.

Era um escravo trabalhador, vivendo suas horas sob o peso do chicote e, diante desse motivo, era rebelde, revoltado e questionador. Em uma tarde de sol marcado para ser representativo, Espártaco mordeu o tendão de um guarda romano. Esse fato colaborou para que fosse vendido a um lanista, palavra que, naqueles tempos, significava um profissional que comprava possíveis gladiadores, ensinando-os a combater e apresentando-os nos grandes espetáculos de luta, para matar ou morrer.

V – O carma de Espártaco
O lanista que o comprou, transportou-o a uma escola gladiatória em Cápua, perto de Nápoles, onde aprendeu a lutar, fez amizade com outros gladiadores, conheceu o risco que havia entre o valor da vida e da morte. Nesse ambiente, fruto ferido de um tempo, conheceu a escrava Varinia. Seu coração sorriu pela primeira vez; sua alma acreditou na existência do futuro; o seu sonhar rondou lugares diferentes. Esse amor o impulsionou a liderar uma revolta na escola, a pensar numa fuga pelo mar em um possível encontro com a liberdade. A partir dessa fuga imaginou a criação de um movimento antiescravagista, unindo-se aos demais revoltosos, agrupando simpatizantes à sua causa, organizou um exército de escravos, ensinou-lhes as técnicas aprendidas na escola de gladiadores, deu a seus seguidores o gosto pela resistência e estruturou, dentro de si, a possibilidade de combater o Império Romano.

VI – A fatalidade marca um encontro
O escritor Howard Fast, um rebelde agitador, estava preso, na situação de subversivo, amante do comunismo, numa cadeia americana. O seu dia era longo, a sua noite surgia num pequeno quadrado cercado por grades. As estrelas brilhavam em seus olhos, agitando-lhe os pensamentos. Foi nesse ambiente que começou a escrever o romance “Espártaco”, um dos primeiros revolucionários como ele. Em 1951, dia voltado para caminhos sem porteira, seu livro foi publicado. As suas palavras encantaram a imaginação do ator Kirk Douglas que, num estado iluminado, resolveu adaptá-lo para o cinema. O ator era filho de imigrantes judeus, lutou na Segunda Guerra, tornando-se um astro de Hollywood.

De início, contratou o roteirista Dalton Trumbo, para adaptar o livro. O trabalho seria feito no máximo silêncio, pois Trumbo estava sendo perseguido pelo marcartismo. Contratou um elenco de primeira linha Laurence Olivier, representando Crasso; Charles Laugton, um senador em decadência, Peter Ustinov, o comprador de escravos e dono da escola de gladiadores, Jean Simmons viveu Varinia e Kirk Douglas entrou na pele de Espártaco. O orçamento do filme girou em torno de 12 milhões de dólares.

VII – Espártaco não é um filme comum
Trata-se de um filme épico pela apresentação da grandiosidade do tema, da elaboração do herói, da busca pelo mítico. A feitura do filme detalhou todos os movimentos, a posição em que as câmeras trabalharam, as lentes que foram usadas, a configuração dos cenários e o ponto de vista escolhido pelo diretor.

O personagem era um gladiador dotado de raciocínio, um homem sonhando com a liberdade. Embora tenha nascido escravo era um ser puro, capaz de amar, criador de sonhos, um mito caminhando pelo tempo. O Império Romano, senhor das terras, representava o império americano e a sua irracionalidade; Crasso mostrava, nos seus gestos, a violência burguesa do marcartismo; o senador Graccus, apresenta o rosto do senado americano pela ótica da ironia deslavada.

A cena da visita de Crasso com seu cunhado e as mulheres na escola de gladiadores para assistir a um espetáculo. A calma com que as mulheres escolheram os gladiadores para lutar, mesmo estando em jogo e fazendo parte do espetáculo a vida e a morte, revela a ignorância da chamada Guerra Fria.

O filme Espártaco passou para a história como o primeiro filme a empregar um roteirista da chamada lista negra, ato que começa a desintegrar a perseguição à liberdade de pensamento. A polícia, os políticos, a repressão tentou boicotar o filme, no entanto, Espártaco ganhou 4 Oscar e faturou 30 milhões de dólares.

VIII – Não podemos esquecer
Mesmo nascendo escravo, Espártaco aceita o poeta Antoninus em seu exército. A arte consegue participar das batalhas carregando a bandeira da emoção. O Império Romano, vencedor e destruidor dos sonhos de Espártaco, ordena a crucificação de 6 mil homens em um só dia. O grande vencedor Crasso, diante dos escravos crucificados pergunta: “- Quem é Espártaco”? E todos respondem “- Eu sou Espártaco”.

Numa das cruzes, Varinia beija os pés de Espártaco levando em seus braços o filho do amor que os dois tiveram, um menino que nasceu livre, e que está indo para Roma. A mensagem do filme ultrapassou os limites da ignorância: o filme mostra que a fé, o amor, a nova geração vencerá a Guerra Fria, a repressão gelada, a perseguição sem razão e sem sentido.

Num cinema qualquer,
Com suas cadeiras envelhecidas.
John F. Kennedy,
Presidente dos Estados Unidos,
Assistiu ao filme Espártaco.
Levando para a Casa Branca,
No bolso do paletó,
Um pedacinho do sonho de um escravo.
Que poderá tornar-se realidade.

RECEITA

SOPA DE ABOBORA COM CARNE SECA
Ingredientes: 1 kg abóbora em cubos; 5 colher óleo; 200 ml creme de leite; 1 litro caldo de legumes; 400 g de carne seca dessalgada cozida desfiada; Cheiro verde picado a gosto; Sal a gosto; Pimenta do reino branca a gosto

Modo de preparo: Corte a carne seca em cubos e dessalgue em água de um dia para o outro. Escorra a água e cozinhe até ficar macia. Na sequência, desfie. Em uma panela leve toda a carne para refogar com o óleo até ficar bem dourada e crocante. Reserve. Em outra panela, cozinhe os cubos de abóbora. Bata no liquidificador a abóbora junto com o creme de leite. Em uma panela leve ao fogo baixo essa mistura com o caldo de legumes. Acrescente a carne e o cheiro verde picado. Verifique a textura, os condimentos e deixe apurar. Corte a tampa do pão italiano tipo bola e remova o miolo. Preencha com o creme e sirva quente.

Por Adriana Padoan