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quarta-feira 8 maio 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – A árvore dos enforcados: a dor de uma nação

Comilanças Históricas e Atuais – A árvore dos enforcados: a dor de uma nação

I – O cinema dentro de nós
Quando conversamos sobre cinema, o infinito nos abre uma quantidade enorme de possibilidades das mais variadas. Podemos sentir uma lágrima de amor correr pelo nosso rosto. Na rapidez da visão, observamos detetives correndo por ruas desertas, a explosão varrer vidas em guerra, os conflitos existenciais se afogam numa taça de Champagne; o suspense ressonando no buraco da fechadura de uma porta sem segurança precisa; festas de formatura; amores adolescentes; as fugas subterrâneas e os passos de personagens doentes, psicopatas, matando sem causa, pessoas se arrastando nos trilhos de um trem; a vontade de cantar, dançar, sob as imagens dos musicais plantados em árvores floridas, respirando a paz que vem das cerejeiras. O cinema já realizou cenas focalizando uma minúscula mosca encostada no cantinho de uma janela, no filme psicose; os olhos das câmeras já focalizaram os gestos arrastados de Mazzaropi, presos entre a coragem e a preguiça. Assim, no além das nuvens e das estrelas deve existir, com certeza, um gênero cinematográfico nascendo ou morrendo.

Essa pequena e simples introdução, nos serviu, no momento, para obtermos o direito de abordar o gênero de filme classificado como Western. Trata-se de uma composição cinematográfica que abarca o corpo de vários tipos de arte. Essa construção artística conta-nos centenas de histórias ambientadas no Velho Oeste dos Estados Unidos, no final dos séculos XVIII e XIX. Esses filmes narram o tipo de vida dos cowboys, pistoleiros armados com revolveres e rifles de uma época tipificada, montados em seus cavalos. São solitários, sonham com as noites e os dias, pensam no amor que ficou paralisado na porta de uma casinha na imensidão de uma planície.

O seu tipo tem saliência própria contornando os variados “eus”. A grande maioria usa chapéu Stetson, fabricado pelo moço que inventou os chapéus, dono do nome que batizou a vestimenta para a cabeça. Ele aprendeu a faze-los com o seu pai, um senhor que sofria de tuberculose.

Sobre os seus cavalos, de cores lisas ou refletidas, os cowboys usavam bandanas, esporas, botas, roupas de camurças, ouviam e viam os vultos indígenas, os bandidos das montanhas ou cidades, os homens dentro ou fora da lei, cruzavam no deserto ou nas margens dos rios com a cavalaria, com os colonos e viajantes perdidos sobre a luz das estrelas encolhida em torno de si mesma.

II – O efeito nos cinemas
A criançada enfrentando a fila diante das portas dos cinemas, falavam em Western, cowboys, faroeste. De qualquer forma estamos diante de um gênero clássico do cinema americano. A palavra Western, numa tradução convencional significa “ocidental”, a cara da fronteira do oeste Norte Americano durante o processo doloroso da colonização. Colonizar destrói, apaga, soterra, impõe, coercitivamente os costumes do outro lado da terra, da vida, do direito interior de se amar.

Nós, os amantes do cinema, do cheiro de pipoca, do chocolate, do algodão doce, do dropes Dulcora, assistimos narrativas romanceadas, pedaços da história, e que querendo ou não, vimos passar a nossa frente um dos gêneros mais populares da trajetória cinematográfica, compondo o tiroteio nas ruas de terra batida, o som do tiro, o corpo tombado, a poeira e a morte de um desconhecido.

III – A produção
Nós pensamos muito, as ideias voam, percorrem o vento norte e sul, referenciando as figuras dos idealizadores John Ford, Howard Hawks, os grandes diretores dos filmes de faroeste. Hoje eles devem estar em algum lugar protegidos pela energia central do mundo, brincando em dirigir velhas diligências.

O mais interessante, nesse tipo de arte, é que os personagens lutam pela ocupação de terras; muitos erguem grandes propriedades, a criação de gado introjeta-se no corpo do homem; a luta absurda contra a dizimação dos índios, os verdadeiros donos da poesia enterrada a um palmo de pronfundidade.

Outro fenômeno que marca a história americana é a corrida da terra; centenas de pessoas em carroções correndo para ter o direito de um pedaço de solo, decente para o cultivo. Na outra ponta do mesmo desejo organizam a corrida do ouro, homens em busca da grandeza, do sonho, da riqueza.

IV – O mundo
O andar desses criadores de um novo mundo está dentro das nossas mentes. São homens solitários, feridos pelo falso amor de uma mulher, são pistoleiros por vingança ou vocação; são jogadores da própria alma; muitos tentam o garimpo como uma equação a ser resolvida; são fugitivos de inúmeros xerifes, também perdidos nos desertos ou campinas, porém desenvolveram o gosto pela perversidade.

V – As cidades
Ao assistirmos a esses filmes, constatamos que as cidades, espaços artísticos, tem uma rua central, rasgada de ponta a ponta.
O Saloon ocupa o meio da rua, iluminado por luzes que clareiam somente a distância solicitada para se conhecer alguém. O jogo está presente, o Whisky bom encontra-se escondido sob o balcão; a bebida ruim, mal produzida ocupa lugar de destaque no balcão, a música desafinada e a prostituição caminham entre mesas e cadeiras.

Na frente do Saloon existe a cadeia, o hotel, o telegrafo, a locomotiva. No final da rua está a imprensa, jornal de uma única olha, noticiando: perseguições, confronto ou duelo, chegada de viajantes, pequenos enredos, amoralidade definida na base de vencedor e vencidos.

VI – O filme A Árvore dos Enforcados
O filme foi sucesso no ano de 1959. O produtor Deimer Daves não era um artista dedicado ao gênero. O elenco escolhido, porém, era o que de melhor atuava nos estúdios americanos. O ator Gary Cooper, participante dos grandes momentos da epopeia americana; Maria Schell, dona de uma beleza que fugia ao padrão preferido pelos grandes cineastas; Karl Malden, o camaleão das telas, pois ficava bem como bandido, mocinho, xerife, explorador de mulheres.

A Árvore dos Enforcados, uma cena intermediária é completamente escura como a própria justiça, seca e torta em face do número de mortos que se debateram sobre o seu tronco; uma corda esticada, sinalizando que a morte passara por ali e gostando, permanece.

VII – Um pedaço americano
O filme focaliza uma das corridas do ouro no noroeste dos Estados Unidos, na segunda metade do século XIX. O objetivo inicial é a reconstrução dos usos e costumes da história colonial. Os dias eram marcados pela chegada de dezenas de carroças e centenas de seres humanos.

No alto, jogava-se a terra extraída das minas, ou perfurada na superfície e imediatamente lançava-se sobre a água, na parte inferior das calhas, os garimpeiros observavam cada movimento. Pedras, terra bruta e, de vez em quando, uma pepita de ouro correndo de medo da loucura dos homens.
Certo dia, um rapaz de 18 anos, localiza uma pedra amarela na calha. O amarelo era forte e lançava luzes e reflexos, linguagens incompreensíveis. Rapidamente o rapaz a coloca no bolso. De longe, da outra ponte, alguém grita: “Ladrão na calha”.

O rapaz, Rune, foge usando todas as forças de suas pernas. O observador, Freuchy reúne dezenas de homens para persegui-lo. Correrias, gritos, tiros. O ombro do rapaz sente uma fornalha em forma de bala estourar-lhe o ombro. Esconde-se entre as pedras.

Antes desse acontecimento, brutal e animalizado, um homem solitário, vestido de um terno preto, chega ao vilarejo, numa noite que não tem muito o que dizer. O seu olhar corre distâncias, é desconfiado, mas necessita estar ali. Ele é um pistoleiro, tem um passado, é médico, veio com a intenção de fugir, curar, ganhar a vida. Em um canto do rio, compra uma casa por 500 moedas de ouro. Esse doutor, já na trama do roteiro, salva o rapaz, leva-o para sua casa, extrai a bala do seu ombro e, em pagamento transforma o fugitivo em seu escravo, a vida do moço, desse momento em diante do filme é servi-lo. Ele expõe ao rapaz de forma simples, as causas, as consequências, e a única solução possível; caso contrário havia a árvore dos enforcados.

VIII – O médico
O doutor chama-se Joe Frail, um homem interessante, ao atender uma criança pede um beijo como pagamento. O personagem isola-se do contingente humano; estamos diante da estrutura de um personagem complexo, um ser persona dinâmico, um homem que muda, se transforma a cada cena, repleto de conflitos; as multiplicidades de suas ações são invisíveis, mas causa impacto e reformula a narrativa.

No vilarejo existe um curandeiro famoso chamado Gubb, que não resiste a força e a complexidade do doutor Frail. Existe um casal que levanta um armazém no local. O nome desse comerciante é Tom France, mas a sua esposa, senhora Edna não tem qualquer apreço e simpatia pelo médico, ela é ranheta, ignorante, puritana, retrógada, infeliz e carregada pelo ódio.

IX – O enredo
Os enredos são transformadores da linearidade. Na lua cheia, clareando o rio, uma diligencia é assaltada pelos homens da montanha. Os cavalos, assustados, galopam os seus corpos em alta velocidade, a diligencia tomba. As pessoas vivas são retiradas, no entanto, uma mulher desaparecera durante o assalto. Tom France, organiza um grupo de busca, depois de horas a sobrevivente é encontrada: está em estado de choque e algumas queimaduras. O doutor Frail a examina e pelo seu diagnóstico ela perdera a visão. Ele cuida da paciente, uma pessoa linda em todas as significações.

O povo, por motivos que surgem de dentro, não suportava a beleza da paciente. As pessoas do lugarejo estavam dominadas pela cobiça, porém, nem todo ouro do mundo compraria um pedaço da beleza daquela mulher. Nem a sua voz poderia atravessar os obstáculos da ignorância. O doutor cura os seus olhos, trata as queimaduras, consegue salvá-la. Ela acaba se apaixonando pelo médico, mas ele a evita.
À noite, sem norte e sem sul, o pessoal se embriaga e coloca fogo no lugarejo. Frenchy, um dos lideres do local tenta estuprar a paciente do doutor Frail. O médico impede a ação e mata o agressor; o povo tenta leva-lo à Árvore dos Enforcados, mas Elizabeth, a moça curada pelo doutor o salva, e ele foge ao lado da mulher que ama. O segredo do doutor: ele fora casado e traído pelo irmão.

Esse faroeste é considerado um marco, na medida em que documenta a colonização dos Estados Unidos, um país que teve o seu início na corrida da terra, na corrida do ouro; o nascimento dos povoados, e os dramas que surgiram da loucura pela riqueza, atrofiando o desenvolvimento do amor, da crença, mas dilatando o desrespeito entre homens que respiram o mesmo ar, bebem a mesma água, sonham o mesmo ideal que sem dúvida caberiam dentro da Nova América.

RECEITA
CRAB CAKE

Ingredientes: 600g de carne de siri; 1 ovo; 1 cebola média bem picada; 4 colher (sopa) de azeite de oliva; 2 colheres (sopa) de maionese; 1 colher (sopa) bem cheia de salsinha picada; ½ xícara de farinha de rosca de pão; sal e pimenta do reino moída na hora a gosto; 1 colher (sobremesa) de mostarda dijon; raspa de limão siciliano; suco de 1 limão siciliano; 1 dente de alho bem picado; azeite para fritar (o suficiente para cobrir o fundo de uma frigideira)

Modo de Preparo: Primeiramente, pique a cebola e o alho e refogue com 4 colheres de azeite até ficarem transparentes, reserve e deixe esfriar. Logo depois de frio, misture todos os ingredientes do bolinho de siri. A textura correta é o ponto de conseguir fazer os bolinhos com a mão (passe azeite nas mãos antes) e eles não estejam grudando muito. Se ainda tiver dificuldade, acrescente mais farinha de rosca, só não pode ficar muito firme. Em seguida pegue uma frigideira, coloque azeite suficiente para cobrir o fundo, e quando estiver bem quente coloque o bolinho. Deixe ficar ligeiramente dourado, por cerca de 2 minutos e vire. Frite também por mais 2 minutos do outro lado e retire. Por fim, deixe sobre papel-toalha e sirva com o molho que quiser.

Por Adriana Padoan