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segunda-feira 20 maio 2024
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Coluna Espírita – A busca da paz e o ano novo

Coluna Espírita – A busca da paz e o ano novo

– Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Mais um ano inicia. Quantas expectativas! Esperança mais uma vez a brilhar em nossos olhos. Incontáveis pedidos, entre tantos, destaca-se: obter paz no ano começante.

Solicitação das mais justas, pois, com paz temos tranquilidade para viver e melhor aproveitamos as possibilidades de aprendizado oferecidas pela vida.

Contudo, raros são aqueles realmente dando-se conta do significado de solicitação tão especial. Desconhecem, em sua grande maioria, a própria participação neste processo, por não perceberem ser fundamental e indispensável o próprio envolvimento na aquisição de tão nobre estado.

Alguns creem que dormirão e acordarão sem a existência das guerras e conflitos mundiais; outros esperam de Deus a promoção da paz por decreto; ajuízam mais alguns que os conflitos sociais relatados diariamente em nosso noticiário jornalístico, envolvendo contraventores e as forças de segurança, desaparecerão como por encanto, num passe de mágica; soluções milagrosas, surgidas do nada, devem aparecer: afinal, é um ano novo que se inicia…

Este justíssimo desejo expressa-se sem que os solicitantes percebam, desde a passagem do ano, que estão agindo e criando as bases para que o anseio não se realize. Vivem um paradoxo: embora desejem algo ardentemente, insistem em destruir as condições básicas que poderiam levar à concretização do que avidamente aspiram.

Sim, infelizmente é um fato!

Como uma pessoa pode pedir e almejar paz, se durante o ano que se finda, e mesmo durante as celebrações do que se inicia, pauta a existência sob toda a sorte de abusos e condutas comprometedoras que se opõem a uma convivência pacífica?

  • Alguns saem armados para se “divertirem”.
  • Adquirem fogos de artifício e os usam apavorando os animais e incomodando os idosos, os doentes e as crianças, em um total desrespeito à ordem pública.
  • Outros bebem alcoólicos, consomem drogas ilícitas, dando, desse modo, acesso e guarida a variados obsessores. Acabam se envolvendo em brigas e discutindo por migalhas, sem nem mesmo entenderem, ao final da refrega, a razão da rixa em que se envolveram. Dirigem os veículos desnorteados pelas ruas, sob sério risco de atropelarem e matarem transeuntes.
  • Compram armas para supostamente se defenderem de agressões e, se preciso for, matar os “inimigos” infiltrados na sociedade em que vivem, responsáveis, segundo eles, por impedir a conquista da paz que ambicionam.
  • Não respeitam os mais simples direitos alheios, não cumprem os próprios deveres, discutem nas reuniões de condomínio, brigam na rua por bagatelas, xingam e desrespeitam sistematicamente todas as regras do trânsito e, ao se verem envolvidos em acidentes, procuram quase sempre fugir à responsabilidade que lhes compete.
  • Desrespeitam as mais básicas diretrizes da vida em sociedade usando equipamentos sonoros em volumes incompatíveis com o bom senso, em avançadas horas noturnas, perturbando toda a vizinhança, sem se importarem se há recém-nascidos ou não na comunidade.
  • Adquirem animais por pura diversão, que uivam, latem, rosnam, a qualquer hora do dia, perturbando o sono e a paz dos “amigos” com quem convivem nos condomínios e prédios.

Mas o que é a paz?

Seria poder desfrutar de uma vida ociosa, sem necessidade de trabalhar, de ocupar-se utilmente, sem contratempos de espécie alguma, saúde quase perfeita, inexistência de inimigos, desafetos e opositores, dinheiro farto nos bolsos para fazer face a todas as extravagâncias, ausência de problemas de qualquer ordem?

Cremos que não, pois muitos desfrutam de tudo ou quase tudo isso; entretanto, continuam insatisfeitos, intranquilos, inquietos, desconfiados, mau humorados, irritadiços, ou seja, sem paz interior.

A milenar civilização romana pautava-se no ditado: Se queres a paz, prepara-te para a guerra.

Contudo, durante os anos romanos, quando o mundo ocidental vivia e existia sob a égide da Pax Romana, nasceu o maior e mais excelso Pacificador de todos os tempos, aquele que jamais levantou a mão para agredir fosse quem fosse, que nunca acusou nem mentiu. Sobre Ele não há registro de qualquer ato violento, de qualquer desrespeito aos costumes e opções de vida do próximo, a quem jamais prejudicou. Viveu uma vida simples e nada temia, pois, era detentor da única e verdadeira Paz: a proporcionada pela consciência tranquila, fruto do dever cumprido e da retidão de conduta moral.

Este exemplo de pacificação legou-nos o seguinte princípio, registrado nos Evangelhos: “A minha Paz vos deixo, a minha Paz vos dou […]” [João, 14:27].

A Paz Cristã, a Paz do Cordeiro, a Paz do Ungido!

Se desejamos a verdadeira Paz para a Terra e para o nosso mundo íntimo, não há outro caminho senão vivenciar os ensinamentos que o Cristo nos legou há dois mil anos, registrados em seu Evangelho de Amor e Redenção.