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quinta-feira 9 maio 2024
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Coluna de Cinema – Monster Hunter

Coluna de Cinema – Monster Hunter

Embora não seja tão difundido, Monster Hunter é um jogo de videogame com muitos fãs ao redor do mundo, tendo real destaque com o povo asiático. E, se de um lado temos um jogo famoso, de outro temos Paul W. S. Anderson, diretor conhecido por suas adaptações de outro videogame… Toda aquela franquia Resident Evil dos cinemas. Para fechar o trio, a protagonista não poderia ser outra senão a própria Milla Jovovich, ex-estrela de Resident Evil e esposa de W. S. Anderson.

Assim como acontece com o game, a história aqui é bem simplificada e só serve para empurrar os personagens aos embates colossais com as feras de outro mundo. Logo de início percebemos que o desenvolvimento de personagens não é prioridade, muito menos dar qualquer pano de fundo para eles, ou sequer apresentar explicações. O longa não perde tempo e, considerando a proposta como um todo, isso é um ponto positivo. Poucos minutos são necessários para presenciar aquilo que realmente vale a pena aqui. Tão logo quanto Diablo, o dragão da areia, é apresentado, percebemos que a produção direcionou seu orçamento na realização das criaturas. A computação gráfica é competente e crível. Por outro lado, quando vemos o que deveriam ser humanos sendo arremessados pelos ares, a produção revela que pouco sobrou além disso.

Indo ao que interessa, as coreografias de luta da primeira metade do longa são bem executadas, ainda que levemente atrapalhadas pela direção e montagem, com cortes que confundem o entendimento total da cena. Apostando na fotografia, a produção rende belos quadros em determinados momentos, abusando de cores saturadas e alguns planos abertos. Na contramão, a direção de W. S. Anderson, ainda que mais contida se comparada a Resident Evil, tem um grande problema em mãos. Íntimo conhecedor das capacidades interpretativas (ou falta delas) da protagonista, o diretor parece obrigado a direcionar as cenas de tal forma que fique claro ao espectador o quão durona Jovovich é. Principalmente ao confrontá-la com o respeitável lutador de artes marciais Tony Jaa. Além disso, a direção se condiciona demais às suas próprias faíscas de criatividade, abusando e se aprisionando ao estilo criado, repetindo tomadas parecidas a exaustão, como a câmera fixa dentro de veículos capotando e as famigeradas câmeras lentas.

Apesar de não aprofundar nada na mitologia dos games nem criar substância suficiente para nos causar vontade de mergulhar de vez naquele universo, Monster Hunter é uma experiência curta com cenas de ação que pelo menos mantém nossa atenção enquanto duram. Se não é das maiores diversões que podemos ter, os belos planos compensam a apreciação em tela de cinema.

Por Giuseppe Turchetti