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segunda-feira 20 maio 2024
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Fé e Razão – São Tomás de Aquino: 800 anos de seu nascimento: abertura e universalidade

São Tomás de Aquino nasceu entre os anos de 1224 e 1225, no castelo que a sua família nobre possuía em Roccasecca, nos arreadores de Aquino, perto da famosa abadia de Montecassino, local onde tinha sido enviado pelos seus pais para receber seus primeiro estudos. Mais tarde transferiu-se para a capital do Reino da Sicília, Napóles, onde Frederico II tinha fundado uma importante Universidade. Nela ensina-se, sem os limites em vigor alhures, o pensamento de Aristóteles, no qual Tomás de Aquino foi introduzido, e de quem intuiu imediatamente o grande valor.

Nesses anos transcorridos em Nápoles, nasceu a sua vocação dominicana. Quando vestiu o hábito dominicano, a sua família opôs-se a esta escolha, e ele foi obrigado a deixar o convento e a transcorrer um pouco de tempo com a família.

Em 1245, já maior de idade, pôde retornar o seu caminho de resposta a sua vocação dominicana. Foi enviado a Paris, para estudar teologia sob a orientação de São Alberto Magno. Abert Magno e Tomás de Aquino seguem para Colônia foram convidados para fundar uma Casa de estudos teológicos. Tomás de Aquino entrou em contato com todas as obras de Aristóteles e de seus comentadores.

A cultura latina tinha sido estimulada pelo encontro com as obras de Aristóteles. Escritos de metafisica, ciências naturais, natureza do conhecimento, ética. Alguns temiam o pensamento de Aristóteles e rejeitaram seu pensamento. Encontraram-se duas culturas: a cultura pré-cristã de Aristóteles, com a sua racionalidade radical, e a cultura clássica cristã.

Tomás de Aquino mostrou que entre a fé cristã e a razão subsiste uma harmonia natural. È a grande obra de São Tomás de Aquino em que num ambiente de desencontro de duas culturas, ele mostrou que fé e razão caminham lado a lado, não em oposição. Criou uma nova síntese que iria formar a cultura dos séculos seguintes.

Em Paris começou a lecionar teologia e iniciou sua produção literária: comentários à Sagrada Escritura, comentários aos escritos de Aristóteles, obras de teologia sistemática como A Suma Teológica, muitos tratados e discursos sobre vários temas.

Além do estudo e do ensino, dedicou-se também à pregação pública. Tinha grande humildade. Faleceu enquanto viajava para Lião para participar do Concílio Ecumênico convocado pelo Papa Gregório X. Faleceu na Abadia Cisterciense de Fossanova.

Embora expondo a sua filosofia numa ordem teológica, ele começa o seu discurso teológico, dando-lhe como suporte uma abordagem filosófica, a saber, a demonstração racional da existência de Deus e de outras verdades naturais similares.

A obra de São Tomás de Aquino é por definição abertura e universalidade, porque toma uma verdade racional, à qual todos devem assentir, como fundamento de toda a sua síntese. A razão se torna em São Tomás um fundamental preâmbulo da fé, enquanto assegura os seus alicerces. De Tomás de Aquino , diz Etienne Gilson: “Ele sabe pela fé para que termo se dirige, contudo só progride graças aos recursos da razão” (Etienne Gilson. A filosofia da Idade Média, SP. Martins Fontes, 1995.p. 657).

Prof. José Pereira da Silva