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sábado 27 abril 2024
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Coluna Espírita – Amor versus Egoísmo

Coluna Espírita – Amor versus Egoísmo

• Antônio Carlos Navarro – São José do Rio Preto/SP
…quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. […] …quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. Jesus – Mateus 25:40 e 45

Ao ser questionado sobre qual é o grande mandamento da Lei (Mateus 22:36-40), o Senhor Jesus estabelece as duas referências – Deus e o Próximo – como objetivos do nosso amor.
Por definição dada pela Espiritualidade Superior (OESE, Cap. XI, item 8), o amor…
“É o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A Lei de Amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais”. (Grifo nosso)
De fácil dedução, ao substituir a personalidade, ou seja, os interesses do Eu, o amor aumenta na proporção inversa à diminuição do egoísmo, porque o egoísmo sempre busca saciar o interesse do Eu, e na medida em que se sai de si mesmo, evidentemente, em direção ao Próximo, todas as ações passam a ser orientadas no sentido de causar bem-estar aos que se encontram no entorno.
Ensinam os Benfeitores Espirituais (OLE, item 719) que:
“É natural o desejo pelo bem-estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação. Ele não condena a procura do bem-estar, desde que não seja à custa de outrem, e não venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais”.
Em última instância, esse movimento extinguirá as misérias sociais através da benevolência mútua, que decorrerá do equilíbrio da percepção da sensação do bem-estar, porque, ao se colocar no lugar do Próximo, a consciência indicará que é preciso fazer a ele, o que gostaria que fosse feito a si. As mesmas oportunidades que se tem, serão as mesmas oportunidades que se darão.
A Doutrina Espírita será imprescindível para as mudanças sociais, conforme atestam os Benfeitores Espirituais (OLE, item 917):
“Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade.
Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo”. (Grifo nosso)
Assim sendo, cabe aqui um exame de consciência a respeito do que entendemos por necessidades a serem satisfeitas para a percepção do bem-estar, sempre à luz dos esclarecimentos do Consolador Prometido (OLE, item 716):
“Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite de nossas necessidades? – Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais”.
Na ótica dos Benfeitores, o Homem carrega o desejo insaciável de sempre ter mais, de ser mais, de parecer mais; mais posses, mais conforto, mais luxo, maior visibilidade e nível social etc., a despeito das necessidades não atendidas por seus iguais em humanidade.
E alertam os Benfeitores (OLE, item 926):
“Os males deste mundo estão na razão das necessidades fictícias que vós criais”.
Acrescentamos, por nossa vez, se fictícias, desnecessárias à felicidade perene.
Conhecedor profundo da natureza humana, sabe o Senhor Jesus que carregamos imensa dificuldade em pensar no Próximo em todas as circunstâncias do que fazemos, e, por conta do egoísmo que ainda viceja em nós, chamou para Si o resultado do que fazemos, para o Bem ou para o Mal, dada a importância que já temos dado à Ele, embora ainda O honremos com os lábios, mas com o coração longe Dele.
Pensemos nisso.