Juntamente com Tristão, Lancelot é o mais conhecido entre os heróis medievais pertencentes à matéria da Bretanha, ou ciclo arturiano, ou ainda romance bretão.
Essas três expressões, sem serem equivalentes, remetem a uma grande e lendária história, nascida na Bretanha ( Armórica e Inglaterra), que no século XII passou da tradição oral à produção escrita. Essas narrativas, em que são exaltados o Rei Arthur e seus cavaleiros da Távola Redonda, foram redigidas para dar uma remota origem heróica ao povo e aos soberanos bretões.
A história de Arthur começa na época da dominação romana e propicia ao rei Plantageneta um heróico ancentral digno de concorrer com o Carlos Magno dos franceses. Graças a Merlin, Arthur se torna rei ao mostrar-se capaz de arrancar a espada que estava presa, pela lâmina, em uma pedra. Com esse ato fora do comum ficava provada a realeza de seu sangue.
Esta história reflete o pensamento da cavalaria, na Idade Média: o rei é guerreiro e sábio, reina e mantém a igualdade entre seus cavaleiros, como indica a Távola Redonda, na qual não se admitem primazias; trata-se, aliás, de uma mesa perfeita que emblematiza a ordem do mundo.
Mas a lenda inicial vai crescer e tornar-se consideravelmente mais complexa em duas manifestações literárias decisivas: Chrétien de Troyes (1135-1183), poeta francês. E com um anônimo do século XIII, que compôs, em prosa, um afresco épico frequentemente intitulado Lancelot-Graal.
A geração romântica revitalizou as grandes personalidades do ciclo bretão. Hoje, elas estão presentes na cultura coletiva, e podemos dizer que o ideal da cavalaria foi dessacralizado para encarnar-se na figura do cowboy, do justiceiro e do aventureiro.
Prof. José Pereira da Silva