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sexta-feira 30 maio 2025
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Giramundo – Cunha celebra 50 anos da cerâmica de alta temperatura e reforça seu papel como capital nacional da arte em barro

CUNHA – Neste ano de 2025, a cidade de Cunha comemora meio século de uma das mais importantes transformações culturais e artísticas de sua história: os 50 anos da cerâmica de alta temperatura que revolucionou a produção local e projetou o município como referência nacional no ofício cerâmico.

Foi em 1975 que o primeiro forno do tipo Noborigama foi construído em Cunha. De origem japonesa, esse modelo de forno, com câmaras sucessivas e que atinge temperaturas superiores a 1300 °C, permite a produção de peças com altíssimo nível técnico e artístico. A construção foi fruto da colaboração entre artistas japoneses, portugueses e brasileiros — um grupo trinacional que, ao se fixar na cidade, deu início a um novo capítulo na história da cerâmica cunhense.

Antes disso, Cunha já carregava uma tradição ceramista viva, marcada pela prática das paneleiras e dos oleiros de tijolo artesanal, herdeiros de saberes populares e utilitários. Com a chegada dos novos ceramistas, essa base tradicional ganhou um novo fôlego, com técnicas aprimoradas e uma abordagem mais artística da matéria-prima que sempre foi abundante na região: o barro.

Com o passar dos anos, jovens da cidade passaram a se aproximar dos mestres ceramistas, aprendendo com eles e, mais tarde, fundando seus próprios ateliês. Essa renovação constante fez com que o ofício não apenas sobrevivesse, mas se tornasse cada vez mais diversificado e inovador.

Em 2009, a força desse movimento culminou na criação do Instituto Cultural da Cerâmica de Cunha (ICCC), um projeto voltado à formação de estudantes do ensino médio da rede pública. A proposta une educação e arte, e já resultou em jovens que hoje também são produtores autônomos, alimentando o ciclo de tradição e reinvenção que caracteriza a cerâmica local.

Como reconhecimento por essa trajetória, em 2022 Cunha foi oficialmente reconhecida com o título de Capital Nacional da Cerâmica de Alta Temperatura, consolidando sua importância no cenário artístico e cultural do país.
Para marcar este Cinquentenário (1975–2025), a cidade prepara uma série de celebrações, com destaque para o Festival de Cerâmica de Cunha, que acontecerá de 14 a 22 de junho. Serão dias de exposições, oficinas, demonstrações de queima em forno Noborigama, além de muita música, gastronomia e contato direto com os artistas que mantêm viva essa tradição. Com suas paisagens naturais encantadoras, seu clima ameno e uma cena artística cada vez mais vibrante, Cunha se firma como um destino imperdível tanto para amantes da arte quanto para turistas em busca de experiências culturais autênticas. Neste ano especial, visitar Cunha é também uma oportunidade de participar de um momento histórico para a cerâmica brasileira.

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Oswaldo de Campos Macedo é professor de História e Fotógrafo