A fragilidade exige do ser humano um toque de realidade para sua condição, implica um olhar lúcido e crítico para discernir para além das aparências de poder, força, riqueza, robustez aquilo que marca a condição humana. Basta um fator existencial para desencadear a sensação e a consciência da fragilidade. A vida humana nos faz experimentar muitas situações de fragilidade seja na história pessoal ou na própria história da humanidade. Aquilo que parece num primeiro momento algo imprevisto tem na realidade uma história prévia não percebida.
Sofrimentos, carências, dependências, enfermidades, falências entre outros são dimensões da fragilidade humana. Temos uma fragilidade constitutiva inscrita no nosso próprio corpo. No centro no nosso corpo temos um umbigo que nos lembra de uma ferida originária que nos fala de nossa condição, fragilidade e dependência.
O ser humano pode evoluir e progredir apesar suas fragilidades. Justamente algumas fragilidades permitiu ao ser humano evoluir. Ao nascer o ser humano precisa de cuidado e proteção através de instituições: família, sociedade, educação, escola, direitos entre outros). Vai adaptando o mundo a sua fragilidade. Porém o ser humano não se reduz às suas fragilidades.
Temos duas extremidades existenciais que encerram em si a vida humana: o nascimento e a morte. Tanto a criança que nasce como o moribundo necessitam dos cuidados do outro. Nascimento e morte colocam o ser humano no horizonte da fragilidade. A dimensão da precariedade acompanha o ser humano por toda a sua vida com matizes diversos.
Em algumas situações as fragilidades são rupturas que exigem dos outros atitudes de presença, solidariedade, compaixão ativa, misericórdia, justiça. Ações que ajudam a atenuar muitas vezes os efeitos desumanizantes de certas fragilidades. Existem fragilidades que clamam silenciosamente na alma humana e que precisam ser escutadas com sensibilidade.
Nossa sociedade coloca a fragilidade como algo inútil e fora de sentido porém por trás das fragilidades temos valores tais como: dignidade, compaixão, sensibilidade para com todos aqueles que passam por situações de sofrimento.
Quando o ser humano encara de forma honesta as suas fragilidades vistas em seu corpo e psiquismo isso pode e deveria leva-lo a descobrir o sentido profundo e verdadeiro da sua própria humanidade. Tudo isso exige um trabalho de recuperar o significado da fragilidade (s) em suas transformações e complexidade. Descobrir em nós e nos outros!
Prof. José Pereira da Silva