Toda pessoa consciente ou inconscientemente busca o sentido da vida e das coisas. O ser humano não apenas busca sentido como também cria sentido. Uma vida sem sentido não vale a pena ser vivida, instala-se o vazio existencial infelizmente tão comum nos tempos atuais. Esse sentido exprime uma integridade que toda pessoa deve buscar construir. O ser humano é um ser que quer fazer algo de sua vida, algo que seja bom para ele e que parta dele. Pretende dar um sentido, uma direção à sua vida. Fazer de sua vida alguma coisa que seja sua. O impulso para dar sente à vida é fundamental.
Em nossa sociedade observa-se que muitas coisas são apenas um disfarce para um desesperado sentimento de vazio existencial. Percebe-se que existe uma sede de sentido muitas vezes obscurecida marcado por muitos auto-enganos.
O que deseja o ser humano? A primeira vista parece uma pergunta de resposta fácil e óbvia, porém na prática não é, consiste numa pergunta desafiadora e que empenha toda a existência.
O ser humano pode se perder existencialmente em uma existência sem horizonte. Em nossa sociedade atual muita coisa promete trazer sentido ou mesmo pode ter sentido imediato, porém concretamente mostra-se efêmero.
Essa busca de sentido caminha lado a lado com a aventura da liberdade. De Hesíodo (776 a.C.) a Thomas Mann ( 1875-1955), de Agostinho (354-430) a Kant (1724-1804) percebe-se que o ser humano é aquele que tenta se compreender e se debate nessa luta existencial.
Certos questões antiguissimas e fundamentais estão presentes com novas roupagens: Quem somos? Para onde vamos? Por que nascemos?
Arqueologicamente observa-se nas grutas de Altamira e de Lascaux um testemunho visual dessa busca incessante do sentido último de sua identidade.
A busca de sentido, a liberdade , da identidade e da responsabilidade devem caminhar juntas, como dizia Viktor Frankl (1905-1997): “ Quanto mais o homem sentir a sua vida como tarefa, mas ela assomará como significativa”. E O escritor francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), em Terra dos homens, dizia: Ser homem é precisamente ser responsável”.
A busca de sentido passa pela possibilidade de construir a própria personalidade, encontrar sentido e significado na vida, chegar a uma subjetividade responsável e autônoma. É uma busca, um empreender um caminho, abrir nova estrada em si mesmo.
É um caminho humano marcado por contradições, pontos de força e de fraqueza. Essa estrada para si , que exige interiorização, é reentrar em si, para ir ao coração das coisas e realidades e compreende-las a partir de dentro. É um desafio grande numa sociedade das exterioridades e do imediato.
A busca de sentido caminha com o perguntar-se, o questionar-se constante. Pois evitar as perguntas mantém e obriga a viver na superfície de si próprio. Os cansaços, as emoções, as alegrias, os sofrimentos, podem afogar o eu profundo e tudo aparecer com pouco ou nenhum sentido. Ultrapassar emoções superficiais e passageiras.
Apenas o progresso material ou tecnológico não traz automaticamente sentido de vida às pessoas. Uma sociedade que perdeu certas certezas balizadoras que traziam sentido. Assiste-se um festival de inquietações, uma perda de rumo e de laços humanos fundamentais.
Percebe-se que o ser humano luta para descobrir-se verdadeiramente humano, pois muitas situações o desumanizam. O que teme o ser humano que o afasta de um sentido de completude e integralidade?
O que deseja essa ser humano concretamente? Existe um sentido que ultrapassa o cotidiano muitas vezes encarado como repetitivo e monótono . Precisa vencer a falta de horizonte e ampliar os horizontes vividos. Precisa despertar!
Existe um desejo profundo do ser humano de dar à sua vida orientação e singularidade.
É sempre preciso encontrar ou redescobrir os lugares de sentido onde se encontram.
Precisa de um sentido mais profundo do que aquele que vive no cotidiano, de desvencilhar-se de certos fardos e entrar em seu desejo profundo. Um aventurar-se a encontra um sentido próprio e que ao mesmo tempo o ultrapassa.
Prof. José Pereira da Silva