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sexta-feira 10 maio 2024
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Educando o Espírito

• Marcus De Mario – Instituto Brasileiro de Educação Moral-IBEM/RJ
A Doutrina Espírita considera que “só a educação poderá reformar os homens”, conforme a resposta dos Espíritos Superiores à pergunta de Allan Kardec, na questão 796 de O Livro dos Espíritos. E compreende que a educação não pode ser encarada apenas pelo seu lado instrucional, ou ilustração do intelecto, mas deve ser trabalhada pelo lado moral, na arte de manejar o caráter.
O pensamento espírita é transformador tanto da ¬ filosofia¬ da educação, quanto da práxis educacional. De sua filoso¬fia imortalista da alma e divindade da vida, surge naturalmente uma pedagogia transcendente que leva em conta não apenas o existir terreno, mas o antes e o depois desse existir. Isso promove uma educação, ou seja, uma metodologia e uma didática que visa o crescimento potencial do homem rumo à perfeição, procurando equilibrar a inteligência com o sentimento, na realização não só do aprendizado das ciências, da leitura e da escrita, ou seja, não só na conquista dos saberes, mas igualmente no desenvolvimento do senso moral.
A educação do espírito
Além de considerar a educação moral como legítima formadora do homem, o Espiritismo ainda vai mais além ao quebrar o materialismo com a comprovação da imortalidade da alma, lançando as bases da educação do espírito. Por esses motivos é que o Espiritismo, lançando seu olhar sobre as escolas, preconiza uma nova metodologia educacional em três pontos principais:
1 – Educação com amor – porque o amor deve ser a base de todo ensino, de toda aprendizagem, de todo exemplo. O amor é a base, é a essência da educação.
2 – Educação com exemplo – porque as palavras podem até convencer, mas somente os exemplos arrastam, somente os exemplos têm força para provocar verdadeiras transformações.
3 – Educação com experiência própria – porque virtudes e valores não podem ser aprendidos somente pela teoria, devem ser praticadas.
A conjugação de todos esses princípios na educação moral é o único caminho capaz de colocar o homem nos trilhos da bondade, reformando as instituições sociais, hoje tão atreladas ao egoísmo que deita raízes nos corações.
Enquanto a família e a escola não entenderem a profundidade da educação moral, continuaremos no des¬file dos desregramentos que temos assistido, quando, se aplicada, a educação moral estabelece a desejada felicidade, por formar homens de bem, objetivo do próprio Espiritismo. A reforma da ¬ filosofia¬ que rege o sistema educacional vigente, com a absorção da educação moral, levará os currículos e métodos escolares ao verdadeiro ¬ fim superior da formação, e não da instrução. Formação do caráter através da aquisição de hábitos sadios de vivência com Deus, com o próximo e consigo mesmo, na prática do bem e do amor.
Uma escola que executa seu trabalho baseada na educação moral é legítima extensão, complemento mesmo da família, tornando-se um lar que abriga consciências reencarnadas reclamando diretriz segura para o uso da inteligência e o desabrochar das qualidades do sentimento. O Espiritismo, pois, fundamenta e indica a educação moral para renovação do ser humano e estabelecimento da era do espírito.
Advertência sobre o futuro
Não se pode negar a vasta e profunda contribuição que o Espiritismo oferece à educação, mas precisamos estar atentos para a advertência de Léon Denis, realizada no livro O Mundo Invisível e a Guerra:
“É necessário que uma grande corrente idealista e um poderoso sopro moral varram as sombras, as dúvidas, as incertezas que ainda existem sobre muitas inteligências e consciências, a fim de que a luz das verdades eternas aclare os cérebros, aqueça os corações, levando conforto aos que sofrem. A educação do povo precisa ser totalmente modificada, para que todos possam ter a noção dos deveres sociais, o sentimento das responsabilidades individuais e coletivas e, principalmente, o conhecimento do objetivo real da vida, que é o progresso, o aperfeiçoamento da alma, o aumento de suas riquezas íntimas e ocultas.”
Essa advertência foi escrita durante o período de 1914-1918, quando da primeira grande guerra mundial e mostra-se ainda bastante atual, ou seja, o tempo não foi ainda su¬ficiente para despertarmos e colocarmos a ¬ filoso¬fia espírita em plena realização na vida. Por que esperar mais tempo?