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sexta-feira 13 junho 2025
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“Crônicas e Contos do Escritor” – A estradinha

Vamos de um pequeno conto de terror?
Pense bem antes de pegar uma estradinha de terra deserta e, para piorar, à noite.
Naquela tarde fria e chuvosa, André dirigia devagar por uma estreita e esburacada estradinha de terra, margeada por muito mato e barrancos. A tarde caía e a noite começava a chegar rápido complicando ainda mais a visão já bastante prejudicada pela chuva fina. De vez em quando, Vera, sua esposa, o olhava apreensiva. Estava preocupada, até um pouco assustada, com aquela estradinha que parecia não ter fim. Estava com medo que a escuridão chegasse enquanto ainda estivessem naquele lugar deserto e assustador.

Olhou para o marido e perguntou.
— Acha que ainda falta muito para chegar a uma estrada de asfalto ou, pelo menos, a alguma civilização? Este lugar está me dando nos nervos.
— Eu não sei, estou perdido…, na verdade nem sei se estamos na estrada certa e estamos sem sinal de internet.
— Muito bom. Perdidos no meio do nada, em uma estradinha pavorosa, chovendo e a noite chegando…, muito bom.
— Calma Vera, eu sempre me perco, mas sempre me acho, daqui a pouco vamos chegar em uma estrada de asfalto.

Os minutos correram, a chuva aumentou, trazendo mais barro para a estrada e a escuridão chegou de vez. A visibilidade caiu para um nível absolutamente crítico e a escuridão e o vento faziam as árvores próximas tomarem formas assustadoras, pareciam dotadas de movimento, monstros que, a todo momento, assustavam Vera.

De repente, André resmungou e parou o carro.
— Ah, mas que droga, só me faltava essa.
— O que foi?
— Pneu furado.
— Ah, não. Meu Deus do céu, só nos faltava isso.
— Por favor, preciso que desça também, para iluminar com a lanterna do celular.

Apavorada, tremendo, Vera desceu, no frio, na chuva, no barro, na escuridão. Acendeu a lanterna do celular e seguiu o marido que abria o porta-malas. Olhava para a escuridão.

Enquanto André trocava o pneu, Vera olhava para as margens, para o mato, para as árvores que tomavam formas aterrorizantes, estava tremendo, horrorizada, como que esperando que a qualquer momento um monstro surgisse do meio do mato. Em um determinado momento, olhou para a estradinha à frente do carro, parcialmente iluminada pelos faróis. Era impressão ou alguém vinha caminhando pelo escuro? Sentiu arrepios percorrerem suas costas.

Estreitou os olhos tentando enxergar melhor. Sim, algo se mexia ali, algo caminhava para eles e os arrepios em suas costas e o suor em suas mãos lhe diziam que algo terrível caminhava para eles. Sentiu que o mal se aproximava e desesperada, falou.
— André, André, tem algo vindo em nossa direção, alguém caminha para nós.
— Calma Vera, é só sua imaginação, é apenas o seu medo te enganando.
— Não, não…, é sério, alguém caminha para nós.
— Calma…, estou quase terminando…
De repente, aquilo que Vera imaginava ser alguém foi fracamente iluminado pela luz dos faróis e ela pode ver que em sua mão havia uma enorme foice. Olhou para o rosto daquele alguém e se apavorou. Não era alguém, era uma coisa indescritível e ela ficou paralisada. A coisa olhou para ela e, de repente, já estava ao lado do carro, ao lado de André que, percebendo algo se aproximar, olhou para trás e tentou levantar, mas era tarde, a foice desceu rápida na direção de seu pescoço. E Vera teve certeza do que aconteceria nos próximos segundos, seria sua vez.