Search
quinta-feira 16 maio 2024
  • :
  • :

Comilanças Históricas e Atuais – Os brutos também amam e morrem

Comilanças Históricas e Atuais – Os brutos também amam e morrem

I – Eu e o meu cinema
Hoje bateu-me a saudade de um filme que assisti, quando acreditava que as pessoas se amavam de verdade, com sinceridade, e que o milho pipoca estourado era a revelação da alma de sua espiga.
Antes de falar do filme, pretendo comentar um gênero que dominou, por um longo período o público cinéfilo. O chamado filme de cowboy ou, no bom português, de faroeste. Esses filmes abordavam supostamente histórias do velho oeste durante a colonização, essas películas falavam de conquistas, de violência, de revólveres rápidos, mocinhos e bandidos. Porém, contam lindas histórias de amor, realidade de uma nação, poesia, agricultura, penetração por terras desconhecidas, fundação de povoados, saloon, xerife, e o corpo abandonado na rua empoeirada.

Os cinemas tinham cheiro.
O cheiro trazia a esperança,
A esperança vinha numa mala.
E todos nós éramos seres misteriosos.

II – O cinema estrangeiro
Os filmes estrangeiros, ao chegaram ao Brasil, enfrentavam traduções absurdas e, criava-se na maioria das vezes um nome estranho que não tinha ligação com a história relatada pela cinematografia, mas que, de alguma forma, penetrava no imaginário do grande povo. Nós sabemos que os filmes são produzidos seguindo uma linha que costura todos os seus elementos constitutivos. Assim, existe o filme de personagem, de espaço, de época, de comunidade grupal, de gangues de rua.

Dessa forma, no ano de 1953 entrou em cartaz, na maioria dos cinemas brasileiros o filme “Os brutos também amam”. O termo bruto veio-nos do latim carregando o significado de tolo, estúpido, sem trato, sem refinamento, grosseiro, tosco. Utilizando as determinações do termo, não conseguimos associá-lo ao amor, ao relacionamento, as coisas que vem do coração. Acontece, que o original americano aborda pessoas, seres humanos identificados pelo nome, pessoas que vivem, choram, catam infinitos aspectos da narrativa.

III -O nascimento do texto
O escritor Jack Schaefer escreveu o livro Shane, buscando a solidão, o silêncio, a violência de um mundo que estava em processo de desenvolvimento e estruturação. O diretor Georges Stevens contratou o escritor A.B. Guthrie para produzir o roteiro de Shane. O elenco nasceu dos esforços da Paramount que, sabia da qualidade do material que tinha em suas mãos e, por isso indicou Allan Ladd, Van Heflim e Jean Arthur para viver o papel de esposa de Starret.

IV – A história
A câmera vai acompanhando um solitário cavaleiro que desce a cordilheira de Telon, em Wyoming até atingir a vastidão das imensas pradarias do vale.

Surge um pequeno riacho.
Casebre rodeada por cerca de arame.
Plantações e animais.
E o desejo de conquistar e vencer.

A beleza onde este mundo está colocado identifica-se com a estética catalogada por um Deus. Um servo bebe água tranquilamente, sem medo e desconfiança. Ao fundo as montanhas cantam sons misturados com lendas. Os picos cobertos de neve sentem a passagem das nuvens, sentem o seu resfriamento.

Um menino de dez anos de idade, salta sobre a água, esconde o seu rifle descarregado, ele o aponta na direção do servo. O animal sorri e parte para a floresta pensando encontrar a mesma paz que navegava por todos os lugares.

V – Um simples plano de filmagem
Embora o servo estivesse em primeiro plano, ao fundo a figura do cavaleiro solitário, focado desde o início, continua o seu caminho. Os olhos do garoto o acompanham passo a passo. Ele, apanha com suas mãos a primeira solução e corre para avisar o pai. Dentro de sua casa, a mãe costurava e cantava, ao mesmo tempo que cozinhava. Tudo o que acontecia tinha um motivo que corria os vales até chegar as mãos de presidente Abrahan Lincon que aprovara, em 1862, as primeiras leis da propriedade rural aos desbravadores.

VI – A voz do vento
Havia sempre um vento que vinha de algum lugar, esse movimento climático dava vida e isolamento ao vale de Wejoming, escassamente povoado por pequenos agricultores, mas todos escreviam sonhos dentro das noites com suas estrelas.

O povoado sonhava com a permanência,
Fincar raízes na terra produtiva.
Homens e mulheres viam
O rancho ampliado como o próprio vale.

Como em toda linha de costura há um enrosco em sua própria agulha, o grande fazendeiro Rufus detestava os pequenos sitiantes, ele queria o vale inteiro, todos os rios, para cuidar do seu rebanho de gado. O cavaleiro Shane surge no rancho, o seu rosto mostra tratar-se de um pistoleiro solitário. Joey, o menino, engatilha o seu rifle sem balas, Shane saca a sua arma com rapidez. Esse é o estado mental que marca a vida dos solitários bandoleiros. Ele está indo para o norte, fugindo do seu passado cheio de histórias feias, horríveis e bonitas. Shane é o arquétipo do mítico fabricado pela dor e temperado no velho oeste.

Nesse momento, o bando Ryker e capangas aproximam-se das terras dos Starrets. No desespero e com medo Starrest manda Shane embora, pensando que faz parte do bando. Os invasores observam Shane, entendem que ele trabalhava para os Starrests; antes de agir, fogem pela vastidão das planícies.

VII – A mudança
Shane é convidado para jantar. A sua voz quase não frequenta a mesa. Passa a noite no rancho aceitando o pouso oferecido e dormindo no celeiro. No dia seguinte, mesmo com o sol tentando falar, os Starrets contratam Shane para trabalhar no rancho. No início, o trabalho mexe com sua vida; ele deixa a sua arma de lado, adquire roupas simples, transformando-se num simples lavrador.

O sol sendo sol.
As suas mãos acariciam a terra.
O suor corre pelo corpo.
Ele sente-se um construtor da nova civilização.

VIII – Os dramas
Mariam, com o passar do tempo apaixona-se por Shane, um amor apertado e distante. Joey o idolatra, é o herói de suas noites repletas de conquistas e duelos. Starrets por seu lado admira a sua capacidade de trabalho.

IX – O plano
Rufus, o homem que está na contramão do presidente americano, marca um encontro com os pequenos fazendeiros numa taverna da cidade. Ele pensa em propor um acordo, mas na verdade, está armando um jogo de vida e morte. Shane propõe ir no lugar de Starrets. Ele não pode perder ou colocar em risco a mulher que aprendeu a amar; não há como destruir o futuro de Joey e, além dessas coisas todas, Starrests não estava preparado para enfrentar pistoleiros e homens violentos.

X – A luta
Starrets luta com Shane pelo direito de ir à reunião. A noite assusta as estrelas. Os dois homens são fortes. As pancadas se perdem na solidão, vozes abafadas, murmúrios, batidas e pancadas ocas. Silêncio!
Shane, o pistoleiro veste a sua antiga roupa, tomando uma atitude de cavaleiro medieval, arma-se, beija Mariam na testa, abraça Joey, e parte pelo mesmo caminho que leva o povo à cidade.

Shane entra no lugar da reunião, percebe a armadilha, e volta a matar friamente. Nessa ação, Shane percebe que sua vida jamais mudará, ele já nasceu perto da morte. Com a sua força e rapidez consegue eliminar a quadrilha, embora ferido, ele retoma o caminho por onde veio sozinho, embrulhado em seus pensamentos. Joey, que presenciara o combate, sob o balcão da taverna grita para Shane: “Shane, volte! Todos amam você”! Essa é a ultima cena do filme que causou inúmeros debates acadêmicos sustentados pela psicologia, antropologia, história que, como em todos os filmes de época, não conseguiram entender o desespero de Joey.

À noite, o vulto de Shane
Indo para algum lugar.
Os gritos do menino, o seu desespero.
As estrelas recolhem o eco
Da voz de uma criança,
Guarda-a no bolso,
Para não chorar mais tarde.

Eu, que assisti a esse filme, na minha infância, vejo o caminho, o movimento do cavaleiro, a galopar do cavalo bebendo rios de pensamentos. Talvez ele encontre uma cidade que ainda não nasceu. Tenho a certeza que lutará uma luta sem reflexão. Amará uma mulher endereçada à paisagem do local. Amará até os oceanos misturarem as suas águas. Ela colocará a cabeça em seus braços, sem tirar que a vida sob a montanha é morrer sem dor, embrulhada em uma poesia.

RECEITA

TORTA DE MORANGOS

Ingredientes da Torta de morango: 2 xícaras (chá) de farinha de trigo; 3 colheres (sopa) de açúcar; 2 gemas; 100g de margarina; 1 colher (café) de fermento em pó; 1 colher (chá) de raspas da casca de limão.
Creme: 3 colheres (sopa) de maisena; 1 e 1/2 xícara (chá) de leite; 1 lata de leite condensado; 1 colher (café) de essência de baunilha; 1 lata de creme de leite sem soro.

Geleia de brilho: 1 xícara (chá) de groselha; 1 xícara (chá) de água; 1 colher de (chá) de maisena.
Cobertura: 2 caixas de morangos lavados e cortados ao meio.

Modo de preparo:
Misture os ingredientes da massa até obter uma farofa grossa. Forre o fundo e as laterais de uma fôrma de fundo removível de 24cm de diâmetro ou de 10 forminhas pequenas individuais com essa farofa, apertando com as mãos, e faça furos com um garfo. Leve ao forno médio, preaquecido, por 10 minutos. Reserve.

Para o creme, dissolva a maisena no leite e leve ao fogo médio com o leite condensado e a essência de baunilha até engrossar. Retire e adicione o creme de leite.
Em uma panela pequena, misture todos os ingredientes da geleia de brilho e leve ao fogo baixo até engrossar. Reserve.

Coloque creme sobre a massa, cubra com os morangos alinhados e por cima coloque a geleia de brilho. Leve à geladeira por 2 horas e sirva em seguida.

Por Adriana Padoan