Search
quarta-feira 8 maio 2024
  • :
  • :

Comilanças Históricas e Atuais – Em nome do Pai: católico ou protestante

Comilanças Históricas e Atuais – Em nome do Pai: católico ou protestante

I – A Irlanda do Norte
A Irlanda do Norte vive sobre as águas azuis que passam pelo mar, banhando os rochedos, as montanhas de pedras indecifráveis. Os peixes se beijam e se amam no fundo das águas viajantes e aventureiras. Dizem que as pérolas saltam das ostras em busca do tempo vencido.

II – Colonização
No ano 1609, começo da colonização brasileira, centenas e centenas de colonos escoceses e ingleses, todos plantadores de alguma coisa, receberam terras tomadas dos irlandeses na região de Ulster.
Ao mesmo tempo a imigração protestante olhou para outras áreas, andando os dias e as noites, se aproximaram de outros terrenos. Esse fato, coisa corriqueira gerou um conflito com traços de raiva na face, um descontentamento sem fim entre os católicos nativos e os protestantes invasores.

III – As guerras
Houve guerras, combates, loucuras sem aparência no corpo da história até aquele momento. Uma guerra matou e enlutou o relevo redesenhado. A guerra seguinte tingiu as águas dos rios, tentaram restringir os direitos ensinados pelas religiões. No século XVIII, a competição por espaço tentou impedir os arrendamentos de solo para os católicos.

A lua anuncia a noite, o sol procura aquecer o dia, as flores ainda conseguem sentir o calor da vida e, no momento certo, florescem entre os cascalhos que deformam a respiração da poesia.

IV – Balanço
Não vamos somar todos os séculos que procuraram caminhar pelas trilhas da Irlanda, mas todas as leis, as preocupações sociais, os estudos que precisam entender o ruído e o silêncio, nasceram nas terras irlandesas tolhidas pelas religiões católicas e protestantes.

As paredes guardam silêncio, os muros ignoram os tiros que rimam com o medo, com o poder fatiado, com o saber que se apega em caixas de papelão molhadas pelo suor derramado sem precisão.

V – Cinema
Vamos, agora, ou na rapidez entender que o cinema não pode ser visto como um mero componente da grande esfera cultural, ele é muito mais que o calor emanado pelo peito pode medir; em sua essência está a arte da representação, da contação de uma história, as lágrimas causadas pela dor da realidade, o claro e o escuro que renascem no rosto de um ator, de uma atriz, a velocidade percorrendo os fotogramas e enganando-nos com a força da ilusão, que nos leva a acreditar na movimentação que suaviza nossas almas.

VI – O cinema abraçando o real
Nenhum anjo estava dormindo. As ruas de Londres esqueceram-se dos crimes que, um dia esfregaram-se nas construções escuras, tenebrosas, produzindo histórias que o povo não gosta de contar.

Os jornais, os meios de comunicação rotularam o acontecimento trágico de “Quatro de Guildford”. Havia um pub nas proximidades de Londres no ano de 1974. Os estudantes festejavam achegada das aberturas para o futuro. Novos empregos, mudança de curso, escrever poesias que ainda engatinhavam nas palavras, beijos ardentes, pedidos de casamento, projeção de filhos lindos e inteligentes vivendo e procurando a espiritualidade e a vida. Repentinamente, aconteceu uma explosão intensa; a destruição do pub subiu nas chamas que sumiram pelo espaço, em desenhos Surrealista, Cubistas, Dadaístas. Quatro jovens são acusados pelo crime e a sociedade não conseguiu entender o seu próprio significado.

VII – Em Nome do Pai
A direção do filme coube ao grande Jin Sheridan e o seu impacto diante da narrativa de uma história viva, real, com movimentos internos que balançam as câmeras e os trabalhos dos atores. O roteiro, no respirar do relógio, vai gerando uma espécie de lenda que nunca fora escrita; as mãos de Terry George e Jin Sheridan escreveram as falas, os gestos, os gritos, as inseguranças e instabilidades de todos os seres humanos.

Os atores ensaiaram de dentro para fora. Daniel Day Lewis vive Gerrey Conlon, Emma Thompson interpreta a advogada Gareth Peirce, Pete Posttelhwaite encanta como o pai Guiseppe Conlon convencendo e sintetizando a formação da família de uma época triste, violenta, mas real como a grandeza dos astros.

VIII – A rebeldia
O jovem rebelde irlandês Gerrey Conlon, representante de todos os conflitos que formatavam a história do seu país, uma mistura de fé, descrença, guerra armada com cheiro de quartel e guerra religiosa, com aroma de vela queimando sem sentido, e mais três amigos são presos e acusados pela explosão do pub. A polícia pressionada pela revolta popular, os promotores e juízes perdidos nas enormes cadeiras da corte, as testemunhas sem a mínima certeza, a plateia jogando o seu ódio nos quatro rapazes. O pai Guiseppe, marido de uma mulher distante dela mesma, silenciosa, educando os filhos pelas costas do marido, tenta ajudar o filho, mas também é condenado.

IX – O processo
No interior da trama, nas linhas que estão por baixo da costura, o filme discute a formação e estrutura familiar, a relação entre o pai, a mãe, a justiça subjetiva e atuante e os conflitos gerados no decorrer dos dias.
Nos elos que unem uma corrente, os filhos buscam a permanência, o comportamento, os olhares e as consequências do dia a dia de todas as residências. O julgamento transforma-se num gesto desordenado como o ambiente onde fora criado. A sentença, apenas uma palavra, atinge a existência de Gerrey condenado por 15 anos. Ele divide a mesma cela com seu pai. As noites são longas e as discussões sempre acontecem. O pai ajoelha-se ao lado de sua cama, rezando o Pai Nosso e a Ave Maria enquanto o filho ri e desafia a fé que vem da ancestralidade paterna. Em uma noite daquelas que procura a vida, Gerrey vê o pai morrer, sair da vida da mesma forma que nela entrou, no entanto, pelas dores marcadas na pele, o seu suporte e orientação partiu para sempre, sem se despedir.

X – A Advogada Gareth Peirce
Em sua luta jurídica pela defesa dos acusados, o primeiro ponto a chamar-lhe a atenção foi a irregularidade do caso, do processo; o registro das falas das testemunhas; a falta de documentos que deveriam constar na peça jurídica. A polícia e a promotoria esconderam provas que os inocentariam, manipularam dados importantes, inverteram depoimentos, cometeram perjúrio.
O filme, nestas cenas pintadas de cores vibrantes, tirou o folego da própria continuidade do longa-metragem, a racionalidade do público escorre pelo esgoto, a absolvição tem gosto de laranja apodrecida no pé, pois não foi cuidada, aguada, estercada e todos os cuidados que todos os ser vivos merecem.

O Estado dormia um sono sem pesadelos, sem culpa, brincando de caçar borboletas raras na beira da cachoeira do vintém. A roupa do cabide pendurado no guarda roupa veste o Estado elegantemente, contando-lhe o ocorrido na Casa das Leis.

O Estado, sentindo-se muito bem para o momento, olha para os rapazes liberados pela justiça e diz: “-Vocês estão livres, eu peço mil desculpas pelo inconveniente”.

Gerrey sai pela porta da frente do Palácio da Justiça, o povo o aguarda com a luz que percorreu a Terra Santa. Os meios de comunicação estão cheios de desejos, de vontade, de colocar no bolso da camisa a semente de uma nova promessa. A preposição que antecipa o nome do filme “EM”, além da referência temporal compromete-se com a finalidade, a luta, a lembrança, o símbolo e objeto de uma vitória. O substantivo “NOME”, do hebraico Shem, individualiza um ser, representa a paternidade, a ancestralidade e, também, o Criador de todas as coisas. Quando, no final da película, Gerrey fala ao povo de sua batalha, de seu caminho de guerreiro, segundo ele, sempre foi conduzido ”EM NOME DO PAI”, daquele que partiu sem precisar demonstrar os valores de sua vida, dos seus atos, da sua fé e do Deus que sempre estivera do seu lado.

RECEITA

CHEESECAKE BAILEYS

INGREDIENTES:
Base de bolacha: 100 gramas de manteiga derretida e fria; 200 gramas de bolacha de maizena
Recheio: 200 gramas de açúcar; 1 kg cream cheese; 350 gramas de ovos; 5 gramas de essência de baunilha; 100 gramas de baileys Irish Cream; 100 gramas de bolacha de maizena
Para decorar: creme chantilly e bolacha para decorar

Modo de fazer:
Base: Derreta um pouco de manteiga e pincele o interior de uma fôrma redonda. Coloque um círculo de papel-manteiga no fundo da fôrma e reserve. Numa tigela, misture a manteiga com a bolacha recheada moída até ficar homogêneo e espalhe no fundo da fôrma. Coloque uma fôrma de diâmetro menor dentro da fôrma e pressione para compactar a crosta. Reserve. Ligue o forno à 175°C.

Recheio: Coloque o açúcar e o cream cheese na batedeira e bata em velocidade baixa por 2 minutos. Desligue a batedeira, raspe as laterais e o batedor com uma espátula e bata novamente, em velocidade média, por mais 5 minutos. Acrescente, então, os ovos e a baunilha aos poucos, aguardando a total incorporação dos ingredientes a cada adição. Quase no final, junte o licor e bata por mais 30 segundos. Coloque a mistura na fôrma por cima das bolachas moídas. Leve ao forno, em banho-maria, por cerca de 45 minutos, ou até que o recheio esteja firme, porém balançando ligeiramente. Retire do forno, deixe esfriar por 2 horas e leve à geladeira por 24 horas.
Na hora de decorar: Incorpore licor ao creme chantilly e decore o cheesecake.

por Adriana Padoan