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quarta-feira 8 maio 2024
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Comilanças Históricas e Atuais – A noite sonhamos – e ouvimos Chopin

Comilanças Históricas e Atuais – A noite sonhamos – e ouvimos Chopin

I – O momento
A 2ª Guerra Mundial ainda corria as distâncias possíveis, matando, mutilando, destruindo esperanças que, pela ignorância dos homens, não amaram a chegada do próximo tempo.
No ano de 1945, com o mundo ainda em conflito, os estúdios da Colúmbia Pictures, nos Estados Unidos lançaram nos cinemas do mundo inteiro o filme “A Song to Remember”, contando um desejo central de andar pelas ruas onde caminhou o músico Frèdéric Chopin. Foi uma tentativa biográfica de mostrar a vida de um gênio, tentar compreender que dentro de um homem pode nascer músicas que encantam, poetizam, causam dor e crença no amor, e que, aproximavam-se da beleza possível.
II – A Polônia
É um país como todos os outros que existem no mundo, tem início, tem história, possui uma beleza que circula no horizonte pintando telas com paisagens que aprofundam a vontade dos sentimentos. O seu nascimento pode ser encontrado na tribo dos Polonos, seres humanos que nasceram para trabalhar os mistérios da terra. Durante um período de 400 anos a nação caminhou em linha reta. Na Idade Média, depois dos rios beberem o mel das improvisações, a Polônia uniu-se à Lituânia; namoraram, noivaram e casaram-se tornando-se um só país.

O povo que nasceu naquele pedaço de terra, por obra da energia de milhares de estrelas, aprendeu amar as crianças, as flores e os animais. Nunca houve, em nenhuma de suas ruas, um gato, um cão, um ganso abandonado.
A Polônia dormia construindo seus casebres, as casas e os castelos. Os passos atravessaram a escuridão que se agita no fim de um corredor que encerra o mundo. Os soldados da Alemanha Nazista, obedecendo às ordens de um homem que ainda não o entendemos na totalidade, invadem a Polônia em setembro de 1939, fato que abriu ao mundo, o início da 2ª Guerra Mundial.

III – Zelazowa Wola
Era uma pequena vila dentro do corpo Polonês. Na madrugada do dia 1 de março de 1810, nascia Frèdéric Chopin. A sua mãe era polonesa e pianista. Seu pai era um francês exilado, um professor de línguas, apaixonado por violino, Chopin cresceu, brincou nos parques desse vilarejo. Adorava subir nas árvores mais altas para olhas as nuvéns com os olhos da proximidade. De Zelazowa, por motivos escritos na vida, a família transferiu-se para Varsóvia, pois seu pai, professor assumiu a cadeira de ensino de línguas e literatura.

Chopin era, segundo os seus amigos de escola, uma criança muito pálida, emoção dentro dos poros buscando sempre o significado da brisa que agitava as folhas das árvores. O seu universo musical era intensamente desenvolvido, as notas e os sons eram percebidos nos voos das abelhas. Em sua carteira escolar, isolada do congestionamento dos outros alunos, desenhava, escrevia cartas a um amigo que, em sua cabeça perseguia os sons gerados nos desertos.

Em casa, no silêncio dos cômodos do palácio, sua irmã mais velha, dava-lhe aulas de piano; também recebeu aulas da mãe, bebendo os sons do folclore Polonês. Aos 6 anos, vivendo um mundo em transição passou a receber aulas de piano do famoso professor Adalbert Zwini, que ali apresentou as obras de Bach e Mozart.

Aos 7 anos, durante uma ausência de sono na madrugada, compôs duas Poloneses, que foram publicadas pelo Padre Cybulski. As notícias, os jornais, os comentários, o susto popular misturado à admiração. A cidade de Varsóvia parou para ouvir o seu primeiro concerto, aos oito anos de idade. O piano queria devorar os seus dedos, sua paixão, sua travessia do mundo das pessoas normais para a terra dos futuros homens batizados pelo prodígio.

O seu diálogo com o seu piano o levou ao professor Wojciech Zywny, supervisionado por Wilheom Wurfel, nome de destaque no conservatório de Varsóvia. Em dezembro andador, Chopin deu um concerto no Teatro Nacional de Varsóvia; depois passou por Viena e outros teatros famosos.

IV – A Polônia e o Czar Russo
A Polônia, por interesses políticos e estratégicos foi dominada pelos russos a partir do ano de 1830. Os Poloneses organizaram uma manifestação popular contra o exército russo invasor, mas foi derrotado. Milhares de Poloneses emigraram para outras terras em busca de outra vida com cheiro de liberdade, cultura e ar puro.

V – O piano e o coração
A música suavizava cada canto da sala. O amor partia das mãos de Chopin e o piano reproduzia todos os sentimentos possíveis. Homens, mulheres, crianças, leques tentando acalmar o calor, no entanto, a música era tão romântica e profunda que carregava o auditório ao mundo dos astros. Num certo instante, tempo de respirar a vida sobrevoando o ambiente, alguém pediu para Chopin tocar um Prelúdio ao Governador Russo e Czarista, que estava presente. Chopin fez um breve discurso e negou-se a tocar qualquer música em nome da violência ao invasor de sua Polônia, aos que usam a força como instrumento a serviço da brutalidade política.

Ele e seu professor foram expulsos de Varsóvia e enviados para a França, um país que gerava cultura, dormindo sobre as obras que conquistaram o mundo novo e antigo.

VI – França o destino
Não há como isolar o homem do relacionamento que mora na boca da paixão, do amor, da sensibilidade. Chopin rompeu um caso de amor que lhe roubava os pensamentos, a criatividade. Era um amor que nascera na infância, nas brincadeiras, nos sorrisos, nas mãos unidas. A Polonesa Maria Wodzinsk o reencontrara em Paris, mas sua família não aceitara o amor da filha vivendo a existência de um pianista e tuberculoso.

VII – Os passos e a vida
A tuberculose, a partir do século XVIII recebeu o apelido de doença romântica, caracterizada pelo estilo de vida de poetas, intelectuais, artistas que caminhavam nos porões da vida em liberdade. Aos poucos ela constituiu-se numa espécie de “mal do século”. As estatísticas costumam pular muros, saltar dos palácios altos e voadores. Assim, segundo dados obtidos, em nome da ciência, a tuberculose tirou a vida de 1 bilhão de pessoas entre os anos de 1700 e 1900.

VIII – Tratamento
Os médicos tomavam os seus cuidados e apontavam os possíveis meios de combate as doenças. As receitas registravam o cuidado com a higiene, dispor de boa alimentação, repouso, aproximar-se dos climas das montanhas. Respirar, sonhar, amar e agarrar-se a vida.

IX – Integração
Em Paris, uma espécie de feto cultural Chopin conhece e convive com artistas que sempre tiveram na formação de sua alma. Viu e conheceu Rossine, sofreu uma sacudidela dentro do corpo, Berlioz, Franz Liszt e Schumann, todos formavam o vapor da genialidade.

A obra de Chopin, como um aventureiro lírico, veste a fantasia de esoterismo, arrastando uma complexa trama de emoções humanas boiando na superfície da melodia. As notas cruzam-se no espaço indefinido, os parâmetros sonoros penetram no ouvinte, despertando-lhe a imaginação melódica, o folclore, o gosto popular e o som que vem de Deus.

X – O amor e o feminismo
Ela era uma mulher que enfrentava todas as formas de opressão social direcionada a participação da mulher no mundo intelectualizado dos homens. Seu nome de batismo era Amandine-Aurore-Lucile Dupin. Ela nasceu em Paris, era órfão de pai desde a infância. Ela cresceu numa cidadela chamada Nohant, em companhia de um meio irmão.
Ela casou-se com um Barão com quem teve dois filhos. Separou-se do baronato e foi viver em Paris. Como nenhuma mulher ousara fazer, publica contos, crônicas no jornal de um amante. Começa a usar um pseudônimo masculino, George Sand, e lança inúmeros romances. Teve um grande número de amantes, vestia-se de homem e fumava em público.

Em uma sala de concerto ela viu e ouviu a música de Chopin. A paixão não respeitou leis, normas, código, religião. Amaram-se como a noite ama o que é visível e o que os olhos não tem ideia da existência.

XI – A Ilha de Maiorca
Procurando fugir aos comentários, aos aproveitadores, ao peso dos olhares, da dificuldade de andar pelas ruas resolveram passar uns tempos na Ilha de Maiorca. Amaram-se, ele compôs grande parte de suas obras cercado pelas montanhas e pelo mar. As chuvas eram diárias, o dia nebuloso, a noite era úmida. A sua tuberculose se agravou. Mudaram-se para um convento, uma edificação medieval, escuro e silencioso. A epilepsia, que sempre o acompanhara produzia-lhe visões horríveis. Retornaram à França. Chopin restabeleceu uma leve melhoria em seu estado, sem grandes perspectivas.

Chopin realiza várias apresentações em Paris. O casal de amantes rompe o relacionamento. Chopin realiza várias apresentações pelo mundo. Era noite. O dia, marcado em calendário indicava a data de 17 de outubro de 1849. Ele dorme por uns segundos, vê centenas de músicas formadas em seu coração, abraçando as estrelas, os anjos, a dança dos astros. Os seus olhos não se abrem mais… Leveza, flores, pianos, crianças, luz… muita luz. Assim ele partiu em direção a energia que o chamava.

George Sand faleceu na França, em 08 de junho de 1876, aos 72 anos. Em vida escrevera 60 romances, 25 peças de teatro, algumas biografias, e 40 mil contos.

O filme “A Noite Sonhamos” conta uma história que se afasta da realidade, porém, como cinema é um longa lindo, tanto nas apresentações das imagens como na escolha da trilha musical. O roteiro foi produzido por Sidney Buchman, tomando como base o livro de Ernest Marischka, a direção foi comandada por Charles Vidor. O pianista José Itube Barguena executou as músicas no piano, enquanto Cornel Wild interpreta Chopin.

RECEITA

BOLO POLONÊS

Ingredientes
Para a massa: 150g de farinha de trigo; 100mL de água; 100mL de leite; 80g de manteiga sem sal; 4 ovos; 1 colher de chá de fermento químico em pó; ½ colher de chá de sal; açúcar de confeiteiro (para decorar).
Para o creme: 500mL de leite; 150g de açúcar; 100g de farinha de trigo; 2 ovos; 200g de manteiga sem sal;

Modo de preparo: Em uma panela, adicione a manteiga e leve ao fogo médio. Quando a manteiga derreter completamente, junte o leite e a água. Misture. Misture o fermento na farinha de trigo, e despeje na panela aos poucos, sem parar de mexer.
Quando desgrudar do fundo da panela, transfira para um bowl. Com uma colher de pau ou espátula, amasse bem até esfriar. Junte os ovos, aos poucos. Mexa até a massa ficar lisa e homogênea. Coloque metade da massa em uma forma redonda de fundo removível com papel manteiga. Espalhe a massa uniformemente. Leve ao forno a 200°C, preaquecido, por 20 minutos. Retire do forno e desenforme. Faça o mesmo com a outra parte da massa. Reserve.

Do creme: Em uma panela fora do fogo, incorpore os ovos e o açúcar. Em seguida, junte o leite e a farinha de trigo. Quando tudo estiver homogeneizado, leve ao fogo médio e mexa por 3 minutos ou até o creme começar a engrossar. Deixe esfriar. Em uma batedeira, bata a manteiga até ela dobrar de volume e ficar aerada. Incorpore delicadamente o creme da panela com a manteiga batida.

Da montagem: Coloque uma parte da massa na forma de fundo removível. Espalhe uniformemente o creme. Cubra com a outra parte da massa, deixando o lado liso para baixo. Desenforme e polvilhe açúcar de confeiteiro a gosto. Agora é só saborear esse incrível bolo polonês!

por Adriana Padoan