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quinta-feira 30 maio 2024
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Coluna Espírita – Um espírita claustrofóbico

Coluna Espírita – Um espírita claustrofóbico

• Márcio Costa – São José dos Campos
Havelino não gostava de lugares fechados. Não se considerava claustrofóbico, porém ficava incomodado quando passava por alguma situação de ficar enclausurado, ainda que por pouco tempo.
Certa feita um médico lhe sugeriu fazer uma ressonância magnética. De maneira educada questionou a conduta do profissional, mas recebeu a resposta de que a realização daquele exame seria necessária para o diagnóstico das dores que sentia.
Como não tinha jeito, marcou o procedimento e no dia agendado já estava no corredor aguardando para ser chamado. Para ele, foi uma eternidade esperar vinte minutos para entrar na sala em frente, onde sabia que uma mesa deslizante lhe aguardava para o levar para dentro de um túnel bem estreito por vários minutos.
Entrou na sala. Rapidamente uma técnica da saúde lhe posicionou na horizontal e disse: -“O senhor não se mova. Este é o alarme que ficará em sua mão. Qualquer coisa aperte”. Quando Havelino pensou em fazer alguma pergunta, a técnica disse “bom exame” e acionou a mesa que o empurrou para dentro da câmara rapidamente. Sem pensar duas vezes, fechou os olhos agoniado.
“Ave Maria cheia de graça…Pai nosso que estás nos céus…Deus, nosso Pai, que sois de todo poder e bondade…” – Assim começou a pensar, atropelando as palavras e buscando lembrar-se de todas as preces que tinha aprendido na vida. Mas em menos de dois minutos já tinha passado por todas que conhecia e o exame nem estava na metade. Que fazer?!
Lembrou-se do anjo da guarda e pediu auxílio agoniado.
Com os olhos apertados, teve a sensação de ouvir uma frase: “-Venha comigo”.
De súbito, sentiu alguém lhe puxar pelas mãos. E logo teve a sensação de estar voando sobre casebres humildes e simples que não eram de sua época. Intuído pelo seu Espírito protetor, identificou estar passando pela Galileia dos tempos de Jesus. “Não era aqui onde, pelas tuas preces, gostaríeis de estar?” – perguntou o mentor. “Sim, queria muito estar com Jesus” – respondeu Havelino, mentalmente. “Vamos nos assentar junto ao povo, ali, adiante. Em minutos o Mestre irá iniciar as suas preleções costumeiras”. Havelino já nem lembrava mais de onde seu corpo físico estava e nem o que estava fazendo. Estava ansioso, iria ver o Mestre Jesus.
Mas de súbito foi arrastado para fora do túnel e a enfermeira lhe disse: “Já acabou. O senhor já pode sair.” Havelino nem queria se levantar. “Acabou!? Logo agora!?”.
Nunca estamos sozinhos. Este é um consolo maravilhoso trazido pela Doutrina Espírita para todos nós. Sempre há Espíritos generosos, interessados em nos ajudar nas diversas situações em que passamos na vida, das mais simples as mais complexas.
A começar pelo nosso Espírito protetor que tem por missão nos acolher como filhos, auxiliar-nos, aconselhar-nos, consolar-nos, prover-nos o bom ânimo e nos guiar pela senda do bem (1).
Ainda contamos com Espíritos familiares e simpáticos os quais são atraídos por laços mais ou menos duráveis ou pelas afeições particulares que temos, respectivamente (2).
Uma vez que nossas emanações mentais busquem o acolhimento e o apoio de amigos de luz, estes estarão sempre presentes, procurando nos ajudar em nossas aflições.
Todavia, não podemos nos esquecer do maior dos acolhimentos que todos nós temos e muitas vezes olvidamos: o da Providência Divina. Deus está em nós o tempo todo, ocupando-se com o nosso progresso por meio de sua bondade excelsa (3).
Que possamos fazer jus desta bondade Sublime, muitas vezes realizada por emissários de luz que vêm nos atender em nossas aflições, procurando elevar sempre nossos pensamentos em fontes de luz, amor e caridade.
Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. Brasília: FEB, 2013. 93 ed. Questão nº 491;
(2) Questão nº 514;e
(3) Questão nº 963.