• Maria Lúcia Garbini Gonçalves – Poá/RS
Está em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 7 do capítulo 12, este trecho: “Jesus disse: ‘Aprenderam o que foi dito: “Olho por olho, dente por dente”. Porém, Eu digo para que não resistam ao mal que lhe queiram fazer. Se alguém bater na sua face direita, apresenta-lhe, também a outra…”.
Na época de Moisés, o senso moral era mais primitivo e a violência entre as pessoas era muito maior. Era considerado correto “lavar a honra” vingando-se pelo mal feito com a mesma moeda, e isso acontecia em qualquer situação, mesmo que corriqueira.
Porém, Jesus veio e mostrou-nos outra alternativa, que é a de oferecermos a outra face, que se interpretarmos literalmente, poderíamos entender que Ele sugeriu que devemos agir passivamente deixando que os outros façam todo o mal que bem entenderem a nós, sem reagirmos. É o que os Espíritos esclarecem-nos na mesma obra, no item 8: “Se o ensinamento fosse seguido literalmente, a consequência seria a condenação de toda a repressão, deixando campo livre aos maus, que nada teriam a temer. Se não colocarmos um freio em suas agressões, logo todos os homens de bem seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma Lei da Natureza, diz que não se deve desistir da vida sem luta. Por esse ensinamento: “oferecer a outra face”, Jesus não quis proibir a defesa, e sim condenar a vingança.”
Se alguém nos prejudicou e nos vingarmos, causaremos o mesmo mal que o causador de nosso sofrimento, então onde estará o mérito? Estaremos nos igualando àquele que causou-nos um mal. Mas, então, o que significa dar a outra face?
Já que temos o nosso livre-arbítrio, temos a faculdade de escolher. Mas a escolha que fazemos fruto de um impulso de paixões animais do medo de aniquilação; essa precisa ser inibida pelo nosso esforço em agir em harmonia com a Lei do Amor. É sempre o que Jesus resumiu para nós: faça para o outro o que queres que ele faça para ti. Até porque já é um avanço notar que não fomos nós os ofensores, o que seria bem mais sério para o nosso futuro, já que colheremos o que plantamos no futuro.
Quando nos vingamos, estaremos criando um duelo interminável, gerando culpas e ressentimentos que nos cansam e nos adoecem. Então, vale mais a pena evitar-se incômodos com um simples perdão. O fardo fica bem mais leve com Jesus, nota-se na prática que Ele sempre tem razão.
Reencarnamos na família exata onde poderemos exercer o conselho de Jesus de oferecer a outra face. Teremos a prova diária de engolir o orgulho, silenciando diante das provocações e críticas que sofremos, que parecem ser bem recorrentes nas famílias, daí as brigas e discussões. Reencarnamos também no melhor país possível para crescermos espiritualmente. Somos testemunhas de muitas coisas que acontecem no Brasil que nos desagradam pela injustiça e não podemos ser coniventes com elas, mas não precisamos transformar nossa vida num inferno por conta disso, e sim fazermos o melhor que nos compete, sem humilhar nem ofender ninguém, para que a psicosfera brasileira melhore. Orando por todos, é o melhor que poderemos fazer; é o mesmo que oferecermos a outra face.
Emmanuel em “Vinha de Luz”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, o capítulo 63 intitulado “Atritos Físicos”, esclarece-nos bem esse ensinamento do Mestre que aqui analisamos. Fala-nos que “O parecer de Jesus, no entanto, não obedece apenas aos ditames do amor, essência fundamental de seu Evangelho. É igualmente uma peça de bom-senso e lógica rigorosa.” Quando nos entregamos aos impulsos da raiva, falta-nos totalmente a lógica e o raciocínio.
Interagiremos com entidades espirituais do mesmo padrão, ficando surdos aos conselhos dos bons espíritos.
Nesse mesmo capítulo de “Vinha de Luz”, Emmanuel coloca: “O homem do campo sabe que o animal enfurecido não regressa à naturalidade se tratado com a ira que o possui.”
Dar a outra face é um esforço que não é nada além do que um exercício daquele que aprendeu a amar. É o que chamamos de estar no mundo, mas não ser do mundo. É não deixar que o as adversidades da vida interfiram em nossa harmonia.
Precisamos ter sempre em mente que o bem compensa, que vai valer a pena o esforço pelas atitudes que nos elevam, pois a nossa alma terá o brilho dos justos e nosso sentimento será aquele da santa paz de Deus no coração.
Para concluir, nada melhor que o conselho dado pelos Espíritos no fim do item 8, desse mesmo capítulo do Evangelho citado acima: “Somente a fé na vida futura e na Justiça de Deus, que nunca deixa o mal impune, pode nos dar força para suportarmos pacientemente os golpes desferidos contra os nossos interesses e contra o nosso amor-próprio. Eis por que dizemos sempre: Olhem para frente, quanto mais se elevarem pelo pensamento acima da vida material, menos serão atingidos pelas coisas da Terra.”
Coluna Espírita – Se alguém bater na sua face direita…
maio 15, 2025RedaçãoColuna Espírita (Agê)0Like
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