• Anselmo Ferreira Vasconcelos – São Paulo/SP
Há pessoas neste mundo que passam pela existência corpórea como um furacão avassalador, destruindo sagrados laços e aviltando os mais puros sentimentos. Por meio de seu comportamento desastroso e inconsequente tornam-se centro de graves acontecimentos. Como geralmente não prestam muita atenção nos seus atos levianos não cogitam as consequências daí advindas. Como não poderia deixar de ser, arregimentam inimigos fortuitos e considerável passivo espiritual que um dia terão certamente de resgatar pela via do sofrimento e decepções que igualmente proporcionaram aos outros.
O ultrassensível campo dos sentimentos desnorteados serve, muitas vezes, como pano de fundo de grandes cometimentos ou mesmo tragédias dessa natureza. Ele é a origem de graves complicadores ao bem-estar do Espírito psicologicamente imaturo, que, de modo geral, só cogita dos seus prazeres imediatos – pouco ou nada se importando com os seus semelhantes. Com efeito, há criaturas levianas – não analisarei aqui o vasto espectro de seres que se enquadram nessa lamentável categoria, e que usam a fofoca, o mexerico, a falsa amizade, a traição, a astúcia e o veneno verbal em suas falas distorcidas sempre distante dos fatos reais, sem contar as suas atitudes malignas voltadas a atingir fins obscuros – praticamente em todas as faixas etárias, inclusive na terceira idade, que usam os outros como se não houvesse amanhã – o sempre justo e implacável juiz da vida humana. Pobres criaturas ainda incapazes de divisar a colheita de espinhos que lhes aguardam no futuro!
No que concerne às vítimas de tais indivíduos, o Espírito Emmanuel observa, no livro Vinha de Luz (psicografia de Francisco Cândido Xavier), que, “Nas linhas do trabalho cristão não é demais aguardar grandes lutas e grandes provas, considerando-se, porém, que as maiores angústias não procederão de círculos adversos, mas justamente da esfera mais íntima, quando a inquietação e a revolta, a leviandade e a imprevidência penetram o coração daqueles que mais amamos”.
De modo geral, as pessoas levianas são profundamente doentes da alma, e, como tal, não consideram os potenciais efeitos deletérios das suas atitudes tresloucadas. Dada a prevalência de acentuado desajuste das suas personalidades, nas quais quase sempre não se encontram os sempre benvindos freios éticos, não desenvolveram, portanto, as noções elementares de gratidão, respeito e muito menos de autêntico amor (algo que certamente ainda não lhes tocou no imo da alma). Por isso, a condição espiritual de tais indivíduos é assaz precária, pois estão longe de compreender o significado da vida no seu sentido mais amplo.
Se todos nós precisamos estar muito atentos aos nossos passos para não nos desviarmos do caminho reto e construtivo para o Espírito imortal que essencialmente somos, imagine-se, então, um indivíduo distanciado destas transcendentes preocupações? Assim sendo, é preciso – desde cedo – auscultar a nossa alma, conhecendo amplamente as matrizes dos nossos pensamentos e ideais para que as nossas sombras interiores sejam rapidamente eliminadas, e o nosso percurso existencial não seja degenerado.
No tocante a essa questão, o Espírito Joanna de Ângelis adverte, com muita sabedoria, na obra Vidas Vazias (psicografia de Divaldo Pereira Franco): “Não te permitas nunca leviandades na existência, especialmente em razão dos compromissos assumidos na Espiritualidade, assim como aqueles que dizem respeito à convivência com o próximo”. No particular caso dos relacionamentos amorosos, nos quais muitos se dissolvem sob pesada carga de emoções e sentimentos infelizes, cabe reiterar que ninguém nasceu acorrentado a outrem. Desse modo, se a insatisfação assoma em uma das partes – ou mesmo nas duas –, é de bom alvitre que o rompimento dos laços ocorra de maneira madura e empática, isto é, próprio de seres civilizados que devem se respeitar mutuamente.
A propósito, muitas desgraças atuais nessa esfera poderiam ser evitadas se tal compreensão inspirasse o coração humano. Além disso, a perfeita regra de ouro preconizada por Jesus deve sempre ser a baliza dos nossos atos: “Não fazer ao outro o que não desejamos para nós”. Joanna aconselha ainda a não nos iludirmos com os prazeres transitórios que enlouquecem e nem tão pouco com os “os tesouros da ilusão”, que, por sua vez, se desfazem facilmente. A elevada mentora espiritual recomenda, por outro lado, a sermos fiéis em todos os nossos atos, bem como gentis e corretos em nossos compromissos e, sobretudo, nobres em nossas afeições.
Diante de tão sábias observações, evitemos, portanto, o fel do remorso e do arrependimento adotando uma conduta sempre pautada pela sinceridade, respeito e integridade, e, dessa maneira, certamente nunca nos faltarão o apoio e inspiração do Mais Alto em nossos passos e decisões da vida.
Coluna Espírita – Pessoas levianas: testes em nosso caminho redentor
jun 06, 2025RedaçãoColuna Espírita (Agê)0Like
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