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segunda-feira 20 maio 2024
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Coluna Espírita – Oração, Prece

Coluna Espírita – Oração, Prece

• José Passini – Juiz de Fora/MG
No Espiritismo, não são praticadas orações decoradas, apenas recitadas. Daí não se usar o termo rezar, que vem do Latim recitare que, na sua evolução para o Português, deu recitar e rezar que, no fundo, significam a mesma coisa, ou seja, a repetição decorada, até inconsciente, de uma sequência de palavras. Por isso, objetivando adequar a ideia à prática, no meio espírita, usam-se orar ou fazer uma prece.
O Pai Nosso, ensinado por Jesus (Mat, 6: 9 – 13) não é considerado, no meio espírita, uma fórmula sagrada de comunicação com Deus. É conceituado como um modelo singelo de oração, à altura do entendimento de todas as criaturas, desde as mais simples e incultas. Foi o recurso pedagógico de que se valeu Jesus para demonstrar à criatura humana que, para comunicar-se com o Pai, não há necessidade de lugares especiais, de fórmulas complicadas, de uma linguagem literária, nem de intermediários – muitas vezes assalariados – e muito menos de rituais pomposos. Não há, no Novo Testamento, nenhuma referência a algum momento em que Jesus se recolhesse a algum templo para orar.
Entendendo isso, e com o mesmo objetivo pedagógico, Kardec colocou em O Evangelho segundo o Espiritismo, no cap. 28, modelos – simplesmente modelos – de preces, objetivando conscientizar o leitor de que ele mesmo pode dirigir-se a Deus, usando sua prerrogativa de filho, dispensando, por isso, fórmulas elaboradas por pessoas que se atribuem um pretenso poder de atingir as alturas celestiais pelo uso de determinados conjuntos de palavras ou pelos rituais levados a efeito.
Aprende-se no Espiritismo que oração é uma mensagem dirigida a Deus, a Jesus ou aos Bons Espíritos. Como mensagem, ela deve ser um ato consciente contendo um pedido, um agradecimento ou um ato de louvor. No Novo Testamento não há exemplo da prática de orações repetidas, nem de cânticos laudatórios. Pelo contrário, há uma recomendação de Jesus exatamente no sentido de ser evitada tal prática, conforme diz o Mestre no Sermão da Montanha:
E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mat, 6: 7)
Assim, fica claro que devemos orar com plena consciência daquilo que falamos; que a nossa oração não seja uma repetição emocional de uma fórmula decorada, como se fosse algo recitado ou declamado. Ao contrário, que seja uma mensagem conscientemente elaborada, com um conteúdo de comunicação dirigida ao Alto, e que não seja uma simples ladainha.