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segunda-feira 13 maio 2024
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Coluna Espírita – O prodígio maior

Coluna Espírita – O prodígio maior

• Maroísa Baio – Limeira/SP
Em 1863, o Espiritismo foi alvo de duras críticas por parte da Igreja, mas os sermões ofensivos dos padres surtiram efeito contrário. Entre os frequentadores de missas havia materialistas e ateus, que apenas cumpriam uma formalidade religiosa. Tomados de curiosidade pelo Espiritismo, passaram a ler as obras de Kardec! Alguns até escreveram a ele, testemunhando sua reforma interior após a leitura e meditação dos ensinamentos espíritas. Kardec citou dois casos na RE de novembro daquele ano.
O primeiro era de um empresário de leilões que desde criança tinha horror ao dogma das penas eternas, o que o afastou da fé verdadeira. Eis o seu relato:
“Durante a quaresma, um pregador falou do púlpito contra o Espiritismo. A circunstância excitou-me a curiosidade (…) Então li o livrinho O que é o Espiritismo? prometendo a mim mesmo não ceder tão facilmente (…) mas, ainda não havia chegado à página 50 e já havia reconhecido a inanidade de minha pobre bateria de argumentos. Durante alguns minutos ¬ fiquei como que iluminado, uma súbita revolução operou-se em mim (…) Para gozar dos benefícios de Deus e deles tornar-me inteiramente digno, perdoei com solicitude aos meus inimigos, aqueles que me ¬ zeram sofrer duras torturas morais, a todos enfim que me ofenderam e abjuro qualquer pensamento de vingança.”
Dirigindo-se ao autor desta carta, Kardec lhe respondeu:
“Irmão, esta espécie de con¬fissão que fazeis perante homens, é um grande ato de humildade; jamais há vergonha, mas grandeza, em reconhecer que se enganou e confessar os seus erros. Deus ama os humildes.”
O outro caso era de um presidiário que conhecera o Espiritismo através de um operário que o visitava na prisão. Com grande respeito, ele escreveu a Kardec:
“Senhor, tive a felicidade de ler, de estudar algumas de vossas excelentes obras tratando do Espiritismo; e o efeito desta leitura foi tal sobre o meu ser, que julgo dever com isso tomar-vos a atenção; mas, para que possais bem compreender, penso necessário vos dar a conhecer as circunstâncias em que me acho. Tenho a infelicidade de ter sido condenado a seis anos de reclusão, justa consequência de minha conduta passada (…) Há apenas um mês eu me julgava perdido. Por que hoje penso ao contrário e por que a esperança luz em meu coração? Não será porque o Espiritismo, desvendando-me a sublimidade de suas máximas, fez-me compreender que os bens terrenos nada são? que a felicidade só existe realmente para os que praticam as virtudes ensinadas por Jesus-Cristo? (…) porque posso esperar renascer de alguma sorte e, deste ponto de vista, preparar minha alma para uma vida melhor pela prática das virtudes e meu amor a Deus e ao próximo? (…) Assim, senhor, permiti que vo-lo diga, esta carta tem por objetivo vos assinalar toda a minha gratidão.”
Sensibilizado por esse depoimento, Kardec dirigiu-se então aos espíritas:
“Eis desses milagres de que vos deveis orgulhar, que todos podeis operar e pelos quais não necessitais de nenhuma faculdade excepcional porque basta o desejo de fazer o bem. Se o Espiritismo tem tal poder sobre as almas manchadas, que não se deve esperar para a regeneração da humanidade, quando ele tiver convertido em crença comum e cada um o empregar na sua esfera de ação! (…) Ainda alguns anos e vereis muitos outros prodígios: não sinais no céu, para ferir os olhos, como pediam os fariseus, mas prodígios no coração dos homens.”
O maior prodígio do Espiritismo é a moralização dos homens. Ele já ocorreu em nossos corações?