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sábado 11 maio 2024
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Coluna Espírita – Kardec e as críticas

Coluna Espírita – Kardec e as críticas

• Maroísa Baio – Limeira/SP
O ano de 1858 havia sido significativo para o Espiritismo, com a publicação da Revista Espírita, a partir de janeiro, e a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em abril, ambas por Allan Kardec. As críticas não tardaram a chegar, dirigidas não apenas aos adeptos da Doutrina, mas também à Sociedade e ao próprio Kardec.
Na RE de março de 1859, ele abordou essa situação com um artigo intitulado “Diatribes”, cujo significado é: escrito injurioso e violento, crítica acerba. Com isso pode-se fazer uma pequena ideia do que Kardec enfrentou.
Ele não desperdiçava seu tempo com discussões sem objetivo útil. Ao contrário, dava a seus opositores a liberdade para continuarem criticando como bem entendessem. Nunca respondia com rispidez ou arrogância, nem com o desejo de criar polêmicas infindáveis.
Quanto às críticas sobre a Sociedade de Estudos Espíritas, declarou:
“É composta de homens dignos por seu saber e por sua posição, assim franceses como estrangeiros, médicos, escritores, artistas, funcionários, o¬ficiais, negociantes, etc.; recebendo diariamente as mais altas notabilidades sociais e tendo correspondência com todas as partes do mundo, está acima das pequenas intrigas do ciúme e do amor-próprio; ela prossegue seus trabalhos na calma e no recolhimento, sem se inquietar com as piadas de mau gosto que não poupam nem mesmo as mais respeitáveis organizações.”
Em relação às críticas dirigidas à Doutrina, constatamos seu educado bom humor:
“Quanto ao Espiritismo em geral, que é uma das potências da Natureza, a zombaria será destruída, como se destruiu contra muitas outras coisas, consagradas pelo tempo; (…) Se eles riem da religião, por que não haveriam de rir do Espiritismo, que é uma ciência? Esperamos que nos prestem mais serviços do que prejuízos e que nos poupem despesas de publicidade, porque não há um só de seus artigos, mais ou menos espirituosos, que não tenha produzido a venda de alguns de nossos livros e que não nos tenha proporcionado alguns assinantes. Obrigado, pois, pelo serviço que nos prestam involuntariamente.”
Quanto às injúrias dirigidas a ele, pouco falou de si mesmo, mas, nesse pouco, descobrimos seu caráter essencialmente cristão:
“Perdem seu tempo todos quantos nos atacam ostensiva ou disfarçadamente, se julgam que nos perturbam; também se enganam, se pensam em nos barrar o caminho, pois nada pedimos e apenas aspiramos a tornar-nos útil, no limite das forças que Deus nos concedeu. Por mais modesta que seja a nossa posição, contentamo-nos com aquilo que para muitos seria mediocridade; não ambicionamos posição, nem honras ou fortuna; nem procuramos o mundo nem os seus prazeres; aquilo que não podemos ter não nos causa desgosto e o vemos com a mais completa indiferença; (…) Nossa vida é toda de trabalho e de estudo e consagramos ao trabalho até os momentos de repouso. Isto não é para causar inveja. (…) O que queremos, antes e acima de tudo, é o triunfo da Verdade, venha de onde vier, pois não temos a pretensão de ver sozinho a luz.”
Tinha plena consciência de que enfrentaria preconceitos e atrairia inimigos:
“Há, porém, uma diferença entre eles e nós: não queremos para eles o mal que nos procuram fazer, porque compreendemos a fragilidade humana e é somente nisto que a eles nos julgamos superior; o homem se avilta pela inveja, pelo ódio, pelo ciúme e por todas as paixões mesquinhas; mas eleva-se pelo esquecimento das ofensas. Eis a moral espírita.”
A moral espírita é a moral cristã, a qual Kardec vivenciou plenamente!