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quinta-feira 30 maio 2024
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Coluna Espírita – A imposição das mãos e sua eficácia

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
Há no meio espírita pessoas que defendem, no lugar da simples imposição das mãos, a movimentação delas para a ministração do chamado passe magnético, uma prática tão comum e generalizada nas instituições espíritas.
Embora esse tema não seja dos mais relevantes, eis aí algo que costuma às vezes causar embaraços em determinadas situações, sobretudo quando o espírita, habituado com uma determinada técnica, passa a frequentar uma instituição que proponha sistemática diferente.
A divergência de entendimento nesse assunto é, porém, fácil de compreender.
Muitos se esquecem de que o passe ministrado por nós espíritas pertence, conforme terminologia adotada por Allan Kardec, à chamada ação magnética mista, semiespiritual ou humano-espiritual, na qual, combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. O assunto é tratado por Kardec em A Gênese, cap. XIV, item 33.
Nessas circunstâncias, diz o Codificador do Espiritismo, o concurso dos Espíritos é geralmente espontâneo, mas pode, em grande número de casos, ser provocado por um apelo do magnetizador, que em nosso meio ficou popularizado com o nome de médium passista. Este, antes da imposição das mãos, faz geralmente uma prece em que solicita a ajuda dos protetores espirituais.
Aprendemos em O Livro dos Médiuns, cap. 14, item 176, que são exatamente esses Espíritos que, associando suas forças fluídicas às forças do médium, dirigem o fluido que vai ser derramado sobre o paciente, competindo ao médium passista tão-somente projetar suas forças fluídicas sobre o paciente, ficando a cargo do amigo espiritual a tarefa de direcioná-las.
Evidentemente, bem diversa é a ação magnética realizada diretamente pelos Espíritos, sem intermediários encarnados, a que Kardec deu o nome de magnetismo espiritual. A movimentação de mãos por parte dos Espíritos é algo compreensível, uma vez que, vendo o problema específico do enfermo, inclusive seus órgãos internos, podem direcionar sobre essas partes o fluido movimentado. Lembremos que, conforme ensina O Livro dos Médiuns, são eles, os Espíritos, que dirigem o chamado fluido magnético.
Outro fato que também suscita a divergência em foco é que muitos espíritas atualmente encarnados iniciaram-se no Espiritismo quando era ainda muito forte em nosso país a orientação de Edgard Armond a respeito dos passes padronizados.
Na própria estrutura do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica, obra criada por dois médicos, Alexandre Sech e Célio Trujilo Costa, e um notável professor, Ney de Meira Albach, a primeira versão dos estudos sobre o passe era no sentido dos passes padronizados, orientação que foi alterada quando Herculano Pires tratou do assunto e produziu um livro pequeno no tamanho mas enorme no conteúdo, intitulado “Obsessão, o passe, a doutrinação”. Quem compulsar as primeiras apostilas do COEM verá a preocupação que havia até então com a postura física e a movimentação de braços e mãos, considerada fundamental à eficácia da terapia.
Existem espíritas, e certamente isso deve ocorrer com alguns médiuns, que sentem uma influenciação mais forte do Espírito amigo que os auxilia no passe e, movidos por essa influenciação, movimentam as mãos seguindo uma intuição especial, que poucas pessoas sentem, e vem daí, do fato de não ser generalizada e comum tal intuição, a recomendação de ser adotada a simples imposição das mãos, uma vez que, não sabendo qual o problema específico do enfermo, não existe razão nenhuma para movimentarmos a esmo nossas mãos.
Em face disso, compreendendo perfeitamente os que defendem pensamento contrário, somos inteiramente a favor do que Herculano Pires expõe em sua obra acima referida, porque foi ele, até o momento, quem melhor explicitou a mecânica do passe em nosso meio. “O passe espírita – diz Herculano – é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus, como se vê nos Evangelhos.” E sua eficácia está toda, inteira, na assistência espiritual do médium e não na técnica que ele utilize.