Search
sábado 18 maio 2024
  • :
  • :

Coluna do Crisante – Pixinguinha: meu coração bate feliz

Coluna do Crisante – Pixinguinha: meu coração bate feliz

Fiz essa crônica há dez anos, e a publiquei pela primeira vez no Jornal A Gazeta da Estiva.
“Meu coração bate feliz quando te vê…….”. Foi essa a letra que Braguinha versejou sobre as notas musicais que Pixinguinha pautou.
Foi lançado no dia 9 de setembro, no teatro Carlos Gomes, num show da “Orquestra Pixinguinha na Pauta”, pelo maestro Pedro Aragão, com participação do cantor Pedro Miranda, no lançamento do livro “Colorindo o Original”, que revela obras inéditas de Pixinguinha e seu estilo de arranjos, acrescentando cores as partituras alheias.
Alfredo da Rocha Viana nasceu em 23 de abril de 1897, e faleceu em 17 de fevereiro de 1973.É considerado um dos maiores músicos do país, popularmente conhecido como Pixinguinha.
“Não tinha caráter” levando-se em conta os cânones do choro, era isso que diziam os críticos de plantão, nas primeiras décadas do século 20. Na época, falava-se que um choro contendo apenas duas partes era um “choro sem caráter”, quando o convencional pregava que o ideal fosse três. Mais tarde, os detratores do compositor tiveram que se curvar.
Em 1937, os consagrados Francisco Alves e Carlos Galhardo recusaram a gravar o tal choro sem caráter de Pixinguinha, com letra de João de Barros (Braguinha). Coube a Orlando Silva, cantor das multidões, a gravá-lo com o título de “Carinhoso” e, assim, eternizá-lo como tema do cancioneiro nacional.
A Obra, em princípio, atende diretamente aos músicos e iniciados, mas não deixa de ser um exemplo de preservação cultural do país. O material, inédito até hoje, reúne 36 arranjos feitos por Pixinguinha. “Essas partituras são aliadas às histórias. Elas podem ser disseminadas. As gravações desse programa do Almirante, não eram comerciais. O Pixinguinha deixou escritas, o acervo dele tem cerca de 320 arranjos, é um tesouro”, revela Bia Paes Leme, professora da Escola Portátil de Música do Rio do Janeiro, organizadora do Projeto e Coordenadora do Instituto Moreira Salles (IMS).
Na década de 50, ouvi esta história a respeito da gravação, contada pelo próprio Pixinguinha, quanto aos detalhes pertinentes do choro “Carinhoso”.
Disse também que quando interpretava essa melodia sublime, no seu saxofone, ele se transportava para outra dimensão. Por isso, dizem os sábios que os cantores, compositores e poetas, estão mais próximos do Criador. Eu era muito jovem e não soube discernir bem as palavras do mestre e, só mais tarde, é que passei a entender o que Pixinguinha queria transmitir.
Em 13 de junho de 1959, Pixinguinha esteve em Taubaté como convidado especial para o casamento de seu amigo Lucílio Rodrigues Peçanha, “Cilinho” , também músico, que se casou com Guiomar Bassine. A festa do casamento aconteceu na rua Voluntário Benedito Sérgio, no bairro da Estiva, em frente hoje é o SESI.
Lembro-me como se fosse hoje! Tempos atrás estive também na barbearia do saudoso Romeu Ramos, amigo de infância, que residia no bairro.
E me contou detalhes , dizendo que Cilinho era capixaba, mas carioca de adoção, e cultivou essa amizade com o então compositor Pixinguinha, que mais tarde batizou seu filho Lucilio Jr.
Vieram com Pixinguinha alguns músicos, como Péricles (Peri), exímio músico do Bandolim; e com irmãos Clementes, Pedro e Humberto, formaram um conjunto improvisado.
A pedido de alguns convidados, ouvimos (eu, Romeu Ramos, Pedro do acordeon , Carlinhos (Trinta), Feliz , Aramis e Jorge Bassine) e muitos que estavam presentes na extensão dessa sala, que aparecem na foto. Zacarias Clemente, o saudoso Isaac do cavaco, foi convidado a integrarão conjunto.
Ao chegar, Isaac mostrou sua alma de músico impressionando o mestre Pixinguinha, dando uma ótima interpretação no cavaco. O mestre, no entanto, não deixou que ele parasse de tocar e foi até ao final da festa.
São momentos como estes que não esquecemos jamais. Músicas, como “Carinhoso”, são imortais e se perpetuam passando de geração a geração. A minha intenção é resgatar os valores do bairro da Estiva, que é riquíssimo em musicalidade: Terra de cantores, músicos e compositores, a exemplo da família Clemente e muitas outras. Pois, a música é o bálsamo que acalenta a alma.
Na oportunidade em que fiz a matéria, parabenizei o casal (Cilinho e Guiomar) pelos 51 anos de casamento de pura felicidade. Eles me receberam em sua casa, na rua Márcio, no bairro da Estiva, e confirmaram esta história maravilhosa de amor e de muita amizade. E agradeci pelas fotos cedidas por ele!