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quinta-feira 9 maio 2024
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Coluna de Cinema – Freaky: No Corpo de um Assassino

Terror, suspense e comédia. O único nome famoso do elenco é o do ator Vince Vaughn. Essas informações são as mais importantes para o começo de conversa sobre esse filme. A facilidade de identificar Vaughn já nos adianta a possibilidade de não levarmos tudo a sério e, assim, esperarmos um tom mais leve do dito terror.

Com um prólogo que nem se envergonha em beber de vários clichês dos famigerados filmes slashers, tão famosos nos anos 90 e 2000, Freaky, porém, impressiona em não economizar nas mortes rápidas, eficientes e até criativas e cheias de apelo visual, já deixando justificada sua classificação para adultos. Logo após os intrigantes minutos iniciais, a produção desacelera para estabelecer a história e mostrar sua outra faceta, a cômica. Misturando elementos de várias obras consagradas, o filme de assassino em série agrega mais o clichê da troca de corpos devido a alguma magia de recurso de roteiro. Pronto, temos tudo preparado para avançar.

Como plano de fundo para os acontecimentos da trama, ainda temos muitos elementos reconhecíveis. Os adolescentes, a escola separada em patricinhas, valentões e os menos populares, vários estereótipos, a protagonista que carrega um trauma e, por isso, não se relaciona bem, entre outros. Olhando apenas por tais elementos, a produção pode parecer ensossa e sem criatividade e é aí que podemos ser surpreendidos. Embora não reinvente a roda e carregue tantos elementos tão batidos do cinema, tudo aqui é orquestrado com uma pegada mais moderna no que diz respeito aos personagens. Até os estereótipos são menos forçados, soam mais naturais. Claro que temos várias conveniências de roteiro. O assassino quase implacável visto no prólogo, por vezes, torna-se inseguro e hesitante quando assim é necessário, por exemplo. Mas a levada de comédia acaba conseguindo amenizar o que seriam pontos fracos do gênero de terror.

Dirigido por Christopher Landon, não à toa, Freaky lembra outra comédia de terror atual que garantiu sucesso. Também dirigido por Landon, A Morte te dá Parabéns inovou em reciclar o “Terrir”, como é conhecida tal mistura de gêneros, e, assim como na franquia-irmã, Freaky não se apega a detalhes ou necessidade de verossimilhança enquanto se esforça em entregar uma experiência divertida, um bom passatempo que nunca nos dá medo, porém, eventualmente, nos faz rir.

Embora sempre possamos prever os próximos passos do roteiro e que o mesmo entregue coincidências que nos façam duvidar de sua capacidade, Freaky supera algumas barreiras e ainda é uma boa opção de entretenimento descompromissado, principalmente se encarado com bons olhos de quem procura uma comédia diferenciada, ao invés de um típico terror.

Por Giuseppe Turchetti