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segunda-feira 17 junho 2024
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Bem-aventuranças: exortações Bom ânimo, coragem, esperança! Avante!

Bem-aventuranças: exortações Bom ânimo, coragem, esperança! Avante!

• Maroísa Baio – Limeira/SP
O Sermão do Monte está registrado, na íntegra, no Evangelho de Mateus (capítulos 5 a 7), iniciando com as bem-aventuranças (cap. 5:3-11).
Abordadas com frequência nos templos cristãos, por essa razão pouco ou nenhum efeito produzem sobre os ouvintes, habituados aos mesmos comentários, como se nada mais houvesse a acrescentar sobre o tema. Estudiosos se debruçam sobre os textos, procurando destacar seus aspectos culturais e literários.
Não é nosso propósito trazer novidades sobre elas, que merecem sempre atenção e estudos aprofundados. O objetivo é procurar, com as possibilidades que o Espiritismo nos oferece, compreender melhor a profundidade dessas palavras de Jesus para que, aos poucos, consigamos colocá-las em prática, sempre mais e melhor, em nossa vida!
A primeira questão que se levanta é a seguinte: como pode alguém considerar-se bem-aventurado por estar sofrendo? Várias vezes nos deparamos com essa pergunta em nossos grupos de estudos e pesquisas do Evangelho.
Essa primeira dificuldade na compreensão das bem-aventuranças se deve a problemas de tradução dos Evangelhos do hebraico para o grego. Segundo afirma o Prof. Severino Celestino, em seu livro “O Sermão do Monte”, a palavra utilizada no hebraico, para as bem-aventuranças, é ashrei, cujo significado principal é a marcha, o avançar, o avante do homem na estrada que leva a Deus. Na tradução para o grego, esse termo foi substituído por makárioi, que significa feliz, bem-aventurado. Essa divergência, segundo afirma o professor, foge muito do sentido original hebraico da palavra que, na verdade, não significa felicidade, mas sim, o caminho que leva a ela.
Muito antes dessas colocações, no livro “Pão Nosso” (cap. 89), o benfeitor espiritual Emmanuel já se referia às bem-aventuranças como sendo credenciais de acesso à plenitude na vida espiritual, ou seja, um prêmio a ser conquistado e não uma condição a ser vivenciada durante a existência terrena. Essa é também a opinião do Prof. Severino:
“Na verdade, Jesus exorta aquela multidão sofrida a seguir adiante, a não desistir, a perseverar, apesar das dificuldades que enfrentavam diante da opressão romana. Isto transforma o Sermão do Monte em um Sermão de Exortações. Coloca aí, Jesus, o bom ânimo, a esperança e a confiança para os que sofrem, apresentando a condição de se caminhar para Deus e, neste caminho ou busca, se conquistar, então, a felicidade. A bem-aventurança será, então, uma colheita, uma consequência da boa plantação realizada durante a nossa existência.”
Emmanuel destaca também que muitos não aceitam tais exortações pois exigem sacrifícios de nossa parte, embora este seja o mais consolador dos sermões de Jesus.
Cairbar Schutel, no livro “Parábolas e ensinos de Jesus”, apresenta uma síntese dessas exortações:
“Do alto do monte, tomado de tristeza pelas desventuras humanas, o Senhor ensinava às multidões os meios de conquistar com o trabalho por que passavam, o Reino dos Céus. E a todos recomendava resignação na adversidade, mansidão nas lutas da vida, misericórdia no meio da tirania e higiene de coração para que pudessem ver Deus. Nessa autêntica oração, o Senhor já previa que seriam injuriados e perseguidos todos aqueles que, crendo na sua palavra, encontrassem nela o arrimo para suas dores, o lenitivo para seus sofrimentos.”