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quarta-feira 15 maio 2024
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América Latina teve mais de 3.500 feminicídios em 2018

América Latina teve mais de 3.500 feminicídios em 2018

Pelo menos 3.529 mulheres foram assassinadas em 25 países da América Latina em 2018 por motivos de gênero, com Bolívia e quatro países centro-americanos liderando a epidemia, informou a Cepal nesta segunda-feira (25). A realidade pode ser muito pior do que mostram os dados, já que há problemas de tipificação do crime em diversos países da região.

No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) alertou sobre o “flagelo” e a importância de seu registro para implementar políticas transversais para “sua prevenção, reparação e sanção”.

O organismo destacou que quatro das cinco taxas mais altas de feminicídio na América Latina foram registradas em El Salvador (6,8 cada 100.000 mulheres), Honduras (5,1) e Guatemala com 2,0) e República Dominicana (1,9). A Bolívia, com 2,3 feminicídios para cada 100.000 mulheres, lidera a estatística na América do Sul.

No Caribe, destacam-se as altas taxas de Trinidad e Tobago e Barbados, ambas com 3,4 mortes cada 100.000 mulheres.

“O assassinato de mulheres por razões de gênero é o extremo do contínuo de violência que vivem as mulheres na região”, afirmou a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena.

Para Bárcena, os altos números de feminicídios “dão conta da profundidade que alcançam os padrões culturais patriarcais, discriminatórios e violentos na região”.
Em contraste com as elevadas cifras de feminicídios o Peru, com uma taxa de 0,8, a mais baixa na região.

Dificuldades e ausência de tipificação
O Observatório de Igualdade de Gênero da América Latina e do Caribe (OIG), órgão da Cepal encarregado de colher os casos de feminicídios, destacou as dificuldades da região para gerar estatísticas comparadas sobre o problema.
O organismo destacou que, na maioria dos países do Caribe, a ausência de tipificação do feminicídio em códigos penais faz que só sejam registrados os casos em que o assassino é companheiro ou ex-companheiro da vítima.
Na América Latina, a normativa do fenômeno difere de uma “expressão ampla” do feminicídio até leis que relacionam o crime ao casamento ou à convivência, o que gera múltiplas formas de construir os registros de cada país.
Ao redor do mundo, milhares de mulheres morrem todo ano por causa do gênero, afetando igualmente países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Alguns países optaram por aprovar legislação específica contra o problema.
RFI